A Organização Mundial da Saúde (OMS) está pedindo aos reguladores globais que adotem novos padrões, promovam a transformação digital e implementem processos regulatórios colaborativos para tornar a indústria farmacêutica mais sustentável e alinhada às metas climáticas.
Por meio de seu Departamento de Regulamentação e Pré-Qualificação, a OMS publicou o documento “Rodovia regulatória para uma indústria farmacêutica mais verde”, enfatizando que as mudanças climáticas representam uma grave ameaça à saúde global. Elas comprometem avanços no desenvolvimento, na redução da pobreza e na saúde pública, além de criar riscos desproporcionais para comunidades vulneráveis.
Atualmente, um quarto das mortes e da carga global de doenças é causado por riscos climáticos evitáveis. Além disso, os sistemas modernos de saúde contribuem com 5% das emissões globais de carbono, abrangendo toda a cadeia produtiva: da fabricação e distribuição de produtos até o descarte de resíduos.
Plano em três etapas para um setor farmacêutico mais sustentável
“Abordar o impacto ambiental dos produtos de saúde não é mais uma opção, é uma necessidade”, afirmou a Dra. Yukiko Nakatani, diretora-assistente da OMS para acesso a medicamentos e produtos de saúde.
A OMS apresentou três propostas principais para a transformação sustentável do setor:
- Novos padrões e diretrizes: A criação de normas específicas para fabricação, distribuição e uso de produtos médicos é essencial para reduzir emissões. Essas medidas também podem beneficiar a saúde pública, destacando o valor das intervenções sustentáveis.
- Transformação digital: A digitalização dos serviços regulatórios pode facilitar mecanismos de troca de informações entre reguladores, especialmente em países de baixa e média renda, por meio de programas de capacitação e apoio.
- Revisões regulatórias antecipadas: Reguladores precisam se envolver mais cedo no desenvolvimento de produtos para apoiar abordagens inovadoras, otimizando análises de novos produtos com menor impacto climático.
Segundo a OMS, o setor farmacêutico pode reduzir suas emissões ao adotar técnicas de produção mais limpas, processos sintéticos redesenhados e investimentos em energia renovável, além de maior transparência na cadeia de suprimentos e critérios de aquisição mais sustentáveis.
Sustentabilidade farmacêutica será destaque em cúpula de 2025
Um estudo da iniciativa global Unitaid revelou que a aquisição de materiais, pré-processamento e fabricação de produtos de saúde são responsáveis por 95% das emissões de gases de efeito estufa no setor. Apenas os ingredientes farmacêuticos ativos (APIs) respondem por 70% dessas emissões.
Esses dados reforçam a necessidade de investir em pesquisa e desenvolvimento para fabricação mais ecológica de APIs, além de padrões mais sustentáveis de embalagem, transporte e aquisição.
As propostas da OMS estão alinhadas com marcos globais como a Estratégia Global de Saúde, Meio Ambiente e Mudança Climática, e iniciativas como a Declaração da COP28, na qual 140 países se comprometeram a promover sistemas de saúde resilientes ao clima e de baixo carbono.
Durante as discussões para o tratado da ONU sobre plásticos, a OMS sugeriu adiar a proibição de plásticos essenciais aos serviços de saúde acessíveis, permitindo tempo para desenvolver alternativas sustentáveis. No entanto, líderes mundiais não chegaram a um acordo final nas negociações na Coreia do Sul neste mês.
A OMS planeja trabalhar com reguladores, profissionais de saúde e indústrias para publicar um relatório sobre práticas farmacêuticas sustentáveis, que será tema de uma cúpula global em 2025.
“Os sistemas de saúde devem ser exemplo na mitigação do impacto ambiental”, afirmou o Dr. Rogerio Gaspar, diretor da OMS para Regulamentação e Pré-Qualificação. “Essa iniciativa é um passo crucial para alinhar as operações do setor de saúde com os objetivos de sustentabilidade, promovendo um futuro mais saudável e verde.”
Além disso, a OMS apoia a Rede Europeia de Educação em Clima e Saúde, que reúne 25 universidades para capacitar estudantes de medicina a enfrentar os impactos das mudanças climáticas, que podem causar 450.000 mortes anuais na Europa, mesmo que o aquecimento global seja mantido abaixo de 1,5°C.
Confira a matéria publicada no Green Queen.
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