O veganismo, em sentido estrito, não admite o consumo de produtos ou subprodutos de origem animal, direta ou indiretamente. Portanto, considerando que o brasileiro consome, em média, 6 litros de cerveja por mês e o veganismo está em plena expansão, é importante compreender o mercado de cerveja vegana.
À princípio, se observamos apenas os principais ingredientes, toda cerveja é vegana. No entanto, a verdade é que nem toda cerveja é vegana, e reconhecer isso já é um diferencial para quem pretende adentrar este mercado, e até mesmo, para quem já está dentro.
Primordialmente, o que torna a bebida imprópria para veganos são aditivos e clarificantes de origem animal, e adicionalmente, o patrocínio a atividades que “maltratam” animais.
Para compreender um pouco mais, e até mesmo conhecer a necessidade desses ingredientes precisamos abranger o processo de criação da cerveja.
A Produção
De modo simplificado, a fabricação de cervejas possui três etapas essenciais: mostura, fervura e fermentação. A mostura nada mais é que a extração de açúcares e outros componentes do malte, que antes fora moído, com acréscimo de água quente. Na próxima etapa, a fervura, o mosto (água rica em açúcares e nutrientes retirados do malte) é fervido em uma caldeira, e nesse momento algumas empresas adicionam o lúpulo, que tem por função proporcionar o famoso amargor, novos aromas, além disso, conservar a bebida. Por fim, a famosa fermentação, onde se adicionam leveduras que irão consumir o açúcar do mosto e transformá-lo em álcool.
Certo, mas onde entra a parte dos clarificantes ou aditivos de origem animal?
Geralmente é após o término da fermentação e pré-engarrafamento. A cerveja, logo após encerrado o processo de fermentação, pode se encontrar turva devido a algumas proteínas que permanecem suspensas na bebida, então, se acrescentam agentes colantes que geralmente são de origem animal (albumina, gelatina, singlass) que se ligam a essas proteínas e precipitam. Assim fica mais fácil de se filtrar, e no final, ter uma cerveja clarinha.
Pronto para incluir cerveja vegana em seu cardápio?
O mercado de cerveja vegana num país como o Brasil, tem um tremendo potencial decrescimento.
E agora que você já sabe o que pode haver de “errado” com a composição da cerveja para que a mesma não seja apta para veganos, é hora de identificar produtores conscientes e antenados ao mercado vegano, e utilizam produtos vegetais, minerais ou químicos na clarificação.
Portanto, considerando apenas os ingredientes utilizados na fabricação, são cervejas isentas de compostos derivados de animais:
Coruja
Fabricada por uma cervejaria artesanal do Rio Grande do Sul, criada em 2004 pelos amigos e arquitetos Rafael Rodrigues e Micael Eckert, com objetivo de oferecer um produto de boa qualidade e diferenciado dos outros encontrados no mercado.
Germânia
Criada em 1991, na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo. Considerada de alto padrão pela criteriosa escolha dos produtos utilizados e processo de fabricação.
Amazon Beer
Fundada em 2000, se destaca pela produção ser feita diante dos clientes, o que tornou sua fábrica uma verdadeira atração turística na Estação das Docas no Pará.
Backer
Registrada em cartório como a primeira cerveja artesanal de Minas Gerais, em 1999, pelos irmãos Halim e Munir Lebbos.
Corona
Introduzida no mercado mexicano no ano de 1925 pela Cervecería Modelo. Ganhou bastante popularidade pela quantidade de anúncios, patrocínios e distribuição de brindes como abridores e calendários.
Stella Artois
Originada no ano de 1366 em uma tradicional cervejaria chamada Den Hoorn, localizada na cidade de Leuven, na Bélgica. Como a cerveja produzida era de boa qualidade, o seu nome acabou espalhado região e afora.
Budweiser
Introduzida em 1876, no mercado americano, como a primeira cerveja genuína americana. Produzida com alto padrão de qualidade e com inspiração no estilo da região alemã da Boêmia.
Flying Dog Brewery
Fundada em 1990 por George Stranahan e Richard McIntyre, é considerada a maior cervejaria de Maryland. Caracterizada pelo frescor, devido ao sabor cítrico misturado com de grapefruit. Desta empresa, não são veganas as marcas: Flying Dog Pearl Necklace, Secret Stash e Table for Two.
Mecanismos de Identificação
Infelizmente, não são todas as marcas que colocam nos seus rótulos algo que possibilite identificar facilmente se a bebida é apta ao público vegano. Mas existe um mecanismo que dá uma ajudinha nesse quesito, o site barnivore. Nele há registro de uma grande variedade de produtos devidamente classificados quanto à adequação para vegetarianos.
Importante ressaltar que, a composição do produto não é o único quesito a ser avaliado na hora de identificar se a cerveja é, ou não, apta para consumo de veganos. Muitas empresas do ramo são responsáveis por patrocinar eventos que exploram animais, e assim, suas cervejas não são veganas, mesmo que na composição sejam isentas de aditivos de origem animal.
O Mercado da Cerveja no Brasil
No Brasil, dados, divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apontam que ao final de 2018 havia 889 cervejarias, 270 a mais do que em 2017. Porém, há uma lacuna no que se refere ao mercado de cerveja vegana.
Tudo isso indica a grande expansão desse segmento no país e isso abre portas para a adaptação de produtos que atendam a consumidores veganos, o que já acontece no mercado mundial.
Vale ressaltar que ainda é raro encontrar informações consistentes sobre o mercado de cerveja vegana no Brasil, no entanto, com o número de veganos aumentando e com a ampla possibilidade de comunicação gerada pela internet e as redes sociais, espera-se que empreendedores atentos aproveitem essa oportunidade para gerar bons negócios, e ainda, descomplicar a vida dos adeptos ao veganismo na hora de apreciar uma boa cerveja.
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