A foodtech israelense Brevel acaba de ampliar sua rodada seed em mais US$ 5 milhões, elevando o total captado para US$ 25 milhões. A extensão da rodada foi possível graças ao exercício de warrants por investidores que já haviam participado do aporte inicial em junho de 2023. Entre os nomes envolvidos estão NevaTeam Partners, Siddhi Capital, o fundo europeu EIC Fund e o The Food Tech Lab. A rodada também atraiu novos investidores, que entraram com as mesmas condições dos anteriores.
A Brevel desenvolve ingredientes a partir de microalgas, como proteínas, lipídeos, fibras e antioxidantes, utilizando um processo inovador de fermentação. Com os novos recursos, a empresa pretende acelerar o desenvolvimento de aplicações para alimentos e bebidas, firmar acordos industriais com parceiros estratégicos e ampliar contratos de fornecimento enquanto se prepara para uma produção em larga escala.
“Nossos investidores decidiram continuar apostando na Brevel após acompanharem os avanços impressionantes desde a última rodada”, comentou Yonatan Golan, cofundador e CEO da empresa. “Nosso objetivo é entregar proteínas verdadeiramente nutritivas, capazes de substituir as de origem animal nas formulações.”
Shai Levy, sócio da NevaTeam Partners e membro do conselho da Brevel, reforçou: “A decisão dos acionistas em exercer os warrants é uma demonstração clara de confiança na missão da Brevel e na sua capacidade de execução. Acreditamos que essa tecnologia pode ser determinante para o futuro das proteínas alternativas.”
Uma microalga com potencial para revolucionar o mercado de laticínios vegetais
Fundada em 2017 pelos irmãos Yonatan, Ido e Matan Golan, a Brevel combina fermentação com luz em biorreatores fechados — algo inédito no setor. A fermentação tradicional, realizada no escuro, até permite alta produtividade e baixos custos, mas limita a produção de nutrientes dependentes da luz, comprometendo a qualidade e o valor comercial das microalgas.
A proposta da Brevel é justamente “tirar a fermentação do escuro”, unindo-a à luz para maximizar o potencial nutricional das microalgas, sem recorrer à modificação genética. Golan compara a inovação à ideia de “colocar um motor elétrico em um carro da Tesla”.
A microalga usada pela empresa é uma cepa da família Chlorella, já reconhecida pela FDA nos Estados Unidos como segura para o consumo humano, além de estar há anos na lista de novos alimentos aprovados pela União Europeia.
A extração da proteína é feita por meio de um processo minimalista e sem o uso de solventes ou produtos químicos, o que preserva ao máximo as propriedades nutricionais e funcionais da microalga. O resultado é um pó branco, de sabor neutro, com 60 a 70% de concentração proteica e um perfil completo de aminoácidos. Por suas propriedades emulsificantes, gelificantes e espumantes, o ingrediente pode ser aplicado em diversas alternativas vegetais à carne e aos laticínios.
Segundo Golan, o foco inicial está justamente no segmento de lácteos plant-based, que ainda carece de uma proteína vegetal que não interfira no sabor ou na cor dos produtos.
Modelo de negócio inspirado na soja e foco na eficiência
Para manter os custos competitivos, a Brevel se inspira no modelo de negócios da proteína de soja: gerar receita não só a partir da proteína principal, mas também dos coprodutos do processo. Isso significa que os lipídeos funcionais, antioxidantes e fibras gerados junto com a proteína são aproveitados para desenvolver emulsificantes naturais e ingredientes funcionais para alimentos e suplementos.
“A fermentação nos ajuda a reduzir custos, enquanto a luz, integrada à nossa tecnologia, potencializa os resultados. Além da proteína, conseguimos extrair óleos com alta capacidade emulsificante, antioxidantes valiosos e fibras nutricionais para diversas aplicações”, explica Golan. “Esse portfólio nos permite alcançar paridade de preços com outras proteínas e ainda gerar valor com cada componente produzido.”
Expansão industrial e acordos estratégicos
A empresa inaugurou no ano passado sua própria fábrica comercial, com 2.500 m² no sul de Israel, equipada com biorreatores que variam de 50 a 5.000 litros de capacidade. A planta tem potencial para produzir centenas de toneladas de proteína de microalga por ano.
Além disso, a Brevel firmou parcerias estratégicas nos Estados Unidos, Europa e Ásia, visando a construção de unidades industriais de grande porte, com capacidade de fermentação superior a 900 mil litros e produção anual de milhares de toneladas de ingredientes.
Outro destaque é o acordo de fornecimento de 10 anos fechado com a Central Bottling Company (CBC), distribuidora oficial da Coca-Cola em Israel, que usará os ingredientes da Brevel em bebidas funcionais e alternativas lácteas.
Mercado promissor
A Brevel se junta a um grupo cada vez maior de empresas que apostam nas microalgas como solução para uma alimentação mais sustentável e amigável ao clima — um mercado que, segundo projeções, deve ultrapassar US$ 25 bilhões até 2033. Entre os players desse ecossistema estão nomes como Checkerspot, Algae Cooking Club, Mewery, Quazy Foods, Ocean Kiss, Algama, Sophie’s Bionutrients e Triton Algae.
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