O governo belga concluiu a chamada “guerra veggie”, permitindo que produtos plant-based exibam nomes associados à carne, como ‘hambúrguer vegano’ ou ‘bife vegano’, conforme revelado pelo Nieuwsblad.

O Ministro da Economia, Pierre-Yves Dermagne, anunciou recentemente que a Bélgica não estabelecerá diretrizes sobre nomeação e rotulagem de produtos vegetarianos e veganos. A decisão foi tomada em meio a desacordo significativo no nível político em relação a propostas de diretrizes para rótulos de alternativas plant-based.

Numa recente revisão da proposta, a eurodeputada verde Barbara Creemers manifestou preocupações de que diretrizes restritivas de nomeação e rotulagem pudessem prejudicar a promoção de opções veganas – uma solução essencial para enfrentar o aquecimento global.

O setor de alimentos plant-based ecoou sua proposta, argumentando que o risco de confusão dos consumidores foi amplamente exagerado. Eles questionaram a gravidade do problema, argumentando que o pior resultado seria comprar pedaços de frango vegano em vez de frango “real”.

Segundo o Nieuwsblad, a decisão marca o fim de um debate contencioso que ocorre desde 2020. A controvérsia começou quando o Boerenbond e o National Union of Butchers, Bacon Butchers e Caterers estabeleceram um grupo de trabalho para criar “diretrizes claras” para os rótulos e a promoção de produtos plant-based.

As diretrizes propostas geraram debate sobre a acessibilidade e promoção de alternativas vegetarianas e veganas no governo, e três ONGs que fazem campanha pela conscientização alimentar, o Good Food Institute Europe, a European Vegetarian Union e a ProVeg International, pediram ao governo belga que rejeitasse as diretrizes, argumentando que desrespeitavam os consumidores e colocavam em perigo a unidade do mercado da UE.

De acordo com a ProVeg International, a proposta inicial incluía proibir alternativas de usar termos tradicionalmente associados a produtos de origem animal para evitar a confusão dos consumidores, apesar de pesquisas mostrarem que os consumidores não se confundem com rótulos com nomes “carnudos”.

A importância das dietas plant-based

A resolução do governo belga reflete uma compreensão mais ampla da importância das dietas plant-based na promoção da saúde planetária e no combate às mudanças climáticas. Além disso, segundo um estudo da Belgian Association for Research and Expertise for Consumer Organisations, 11% dos belgas se identificam como não consumidores de carne.

Enquanto isso, os governos da Coreia do Sul, Polônia, França, Suíça e Itália afirmam que os consumidores estão confusos com os rótulos atuais plant-based e estão introduzindo ativamente restrições e diretrizes proibindo nomes de alimentos de origem animal.

Jasmijn de Boo, CEO da ProVeg International, disse que medidas nacionais que restringem produtos plant-based contradizem os objetivos da UE de desenvolver sistemas alimentares sustentáveis, conforme declarado no Pacto Ecológico Europeu e na Estratégia do Prato ao Campo.

“Seria ridículo censurar produtos plant-based dentro da União Europeia ao mesmo tempo em que pedimos aos consumidores para mudar para uma dieta plant-based. Imagine censurar carros elétricos ou papel reciclado neste momento da história”, comentou Jasmijn de Boo em um comunicado no ano passado.

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