Os desfiles de carnaval de 2019 chegaram ao fim ontem, e algumas notícias chatearam a todos os veganos. Muitas pessoas desfilaram na avenida com penas de animais. Parece que as escolas de samba estão fechando os olhos para os perigos do carnaval. Toda a beleza mostrada na avenida vale a vida de tantos animais?

Separei alguns pontos importante para conversamos e refletimos sobre os perigos do carnaval, principalmente quando se trata das penas das aves.

Perigos do carnaval: três toneladas de penas

O nosso país é um dos maiores importadores de penas e plumas. Isso graças ao nosso carnaval. Juntos, as principais escolas de samba da cidade de São Paulo e Rio de Janeiro somam aproximadamente três toneladas de penas.

Quando convertemos essa realidade para números, os dados são assustadores.

  • 1 kg de pena custa em média R$2500
  • 1 kg de pena precisa de duas aves
  • 1 escola usa entre 70 a 150 kg de pena
  • 150 kg de pena = R$ 375 mil
  • 150 kg de pena = sofrimento de 300 aves

Se estamos falando em 3 toneladas de penas, podemos falar em 6 mil aves sofrendo para o carnaval.

Algumas das escolas que levaram sofrimento para a avenida

Boa parte das escolas de samba se esquecem dos perigos do carnaval e focam apenas em apresentar beleza na avenida. É muito triste ver que elas não olham para a realidade por trás de cada pena usada para compor suas fantasias.

Império Serrano: pomba da paz com muita crueldade

A Rainha de Bateria da Império Serrano, escola de samba do Rio de Janeiro, gastou 37 mil reais na sua fantasia de pomba da paz. Porém, vamos combinar, que de paz a fantasia só tinha o nome mesmo.

O valor pago por Quitéria Chagas é “justificado”, entre um dos motivos, pelas 500 penas de uma ave rara: faisão albino.

Mocidade alegre: a Amazônia só foi lembrada no tema

A escola de samba de São Paulo, Mocidade Alegre, falou sobre a “Ayakamaé – As águas sagradas do sol e da lua” e citou a Amazônia. Embora muita gente relacione o tema Amazônia com atitudes mais conscientes, a escola não pensou assim.

Danny Romani foi um destaque da escola ao usar uma fantasia de 35 mil reais e com mil penas da ave faisão imperial.

Segundo o G1 ela acrescentou que nunca foi criticada por usar penas, mas acrescentou: “Sou muito a favor dessa crítica construtiva e seria muito bacana se o carnaval abortasse isso, sacrificaria o glamour do carnaval, mas com criatividade a gente daria outro jeito”.

Sim, Danny, seria muito bacana se o carnaval usasse a criatividade para pensar em fantasias mais ecológicas e sem nenhum tipo de sofrimento animal. Nós apoiaremos muito.

Império da Casa Verde: 4 mil penas

Magna Morais desfilou na avenida de Malévola e com 4 mil penas de faisão na sua fantasia.

“O look inclui 4 mil penas de faisão, um equipamento que projeta um holograma que imita mágica e uma tecnologia inovadora de iluminação de vitrais”, diz o stylist Bruno Oliveira, responsável pela fantasia.

E infelizmente elas não foram as únicas!

A realidade por trás das penas de carnaval

Uma coisa precisa ficar bastante clara: todas as atividades que envolvem exploração animal geram muita dor. E com a extração das penas não seria diferente.

As aves têm suas penas retiradas à força, o que causa muita dor nos animais. Assim como qualquer outra atividade de exploração animal, o ser humano não dá nenhum tipo de anestesia. Tudo acontece de forma que a ave sinta tudo que está acontecendo. É uma atividade muito cruel. Além de toda a tortura, ao retirar essa proteção, eles ficam expostos ao sol e a diversas infecções.

Os animais que mais são explorados para essas atividades são o faisão e o avestruz. O último, começa a ser explorado com apenas 10 semanas de idade, ou seja, com menos de três meses.

A retirada das penas das aves mortas seriam “um pouco menos pior”, porém não vale para a indústria. Com os animais vivos, é possível “aproveitar” o mesmo animal por mais tempo. Segundo os produtores, manter o animal vivo garante qualidade e um processo mais econômico.

Precisamos levantar essa reflexão com mais força para os próximos carnavais. Depende de nós diminuir os perigos do carnaval para os animais e para o meio ambiente. Já falamos um pouco sobre como marcas e pessoas podem contribuir para um carnaval mais sustentável. Porém precisamos ir além.

Precisamos mostrar que há muita dor e sofrimento para que no desfile sejam usadas penas de verdade. Com tanta tecnologia e opção artificial no marcado, a beleza do carnaval não será prejudicada por essa substituição, concordam?

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Por Lari Chinaglia em 5 de março
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