A startup CytoNest Inc., originária da Universidade da Geórgia, acaba de lançar seu primeiro produto comercial: a estrutura de fibras 3D CytoSurge.
Esse novo produto é uma estrutura comestível, baseada em fibras, composta por materiais geralmente reconhecidos como seguros (GRAS). Projetada para ser usada com tecidos vivos, a estrutura possui diversas aplicações, incluindo pesquisas com células, biofármacos, terapias celulares e a produção de carne e frutos do mar cultivados.
A CytoSurge 3D utiliza uma tecnologia proprietária da CytoNest, capaz de criar fibras ultra-longas que podem ser fundidas ou sobrepostas para formar uma estrutura tridimensional e multicamada. Esta estrutura serve de suporte para o crescimento de culturas celulares.
Revolucionando cortes inteiros
De acordo com a CytoNest, o scaffold (estrutura) imita a matriz extracelular (MEC), que é a estrutura natural da carne, permitindo o fluxo de nutrientes—a um recurso crucial para a produção em larga escala. A estrutura possibilita o crescimento tridimensional das células em alta densidade, tornando-a escalável para a produção de carne e frutos do mar cultivados. Além disso, é personalizável e sua produção pode ser ampliada.
Os desenvolvedores acreditam que essa tecnologia pode revolucionar a produção de produtos inteiros, como filés de peixe ou bifes.
Colaboração para inovação
A CytoNest Inc. foi fundada por Nataraja Yadavalli (CEO) e Sergiy Minko (CSO), professor de Ciência de Fibras e Polímeros na Faculdade de Ciências da Família e do Consumidor da Universidade da Geórgia. A pesquisa de Minko, que durou uma década, resultou na otimização da tecnologia de scaffolding e na construção de um protótipo funcional em 2019.
Conforme relatado pela Universidade da Geórgia, Yadavalli, que é pós-doutorando no laboratório de Minko, desenvolveu o método inovador de fiação de fibras para criar scaffolds de nanofibras. A inovação surgiu durante pesquisas comparativas com tecnologias comerciais de fabricação de nanofibras, que utilizam principalmente a antiga tecnologia de eletrofiação.
O processo de desenvolvimento contou com contribuições significativas de pós-doutorandos, estudantes de pós-graduação e de graduação. Um exemplo é Alex Tokarev, um pós-doutorando que fez um grande avanço no desenvolvimento da nova tecnologia de fiação de nanofibras.
Posteriormente, através do programa NSF I-Corps da Innovation Gateway, Minko e Yadavalli investigaram o potencial comercial da estrutura desenvolvida com o novo método de fiação. Após duas sessões do programa de descoberta de clientes, decidiram fundar a CytoNest Inc.
O lançamento do produto foi apoiado por subsídios da Georgia Research Alliance, do Good Food Institute e do Departamento de Agricultura dos EUA. Esses subsídios facilitaram o acesso a ferramentas, espaço de laboratório, equipamentos e serviços necessários para o desenvolvimento e eventual lançamento no mercado.
“Vários estudantes de graduação e pós-graduação também estiveram envolvidos e contribuíram para esses desenvolvimentos. Esses esforços combinados e os avanços alcançados foram muito inspiradores”, afirmou Minko a Brandon Ward, da Universidade da Geórgia.
Ele acrescentou: “É impossível subestimar a ajuda e o apoio da UGA, NSF I-Corp, Innovation Gateway e da Georgia Research Alliance, que foram cruciais para estabelecer e moldar a startup.”
Confira a matéria publicada na vegconomist.
Leia também:
Universidade de Rostock e Innocent Meat exploram células-tronco para cultivo de carne
Boundless capta £1,5 milhões e lidera mercado
PCRM recomenda dieta plant-based para combater obesidade na Índia