Em meio a um iminente caos climático, nos deparamos com a notícia de absorventes sustentáveis desenvolvidos por brasileiras. Como se já não fosse bom o suficiente, a história por trás dessa informação é de empreendedorismo e liderança feminina.

Para contextualizar essa criação, é importante ressaltar o problema causado pelos absorventes íntimos descartáveis.

Envolvidos numa obscura nuvem de tabus, esses amigos da higiene íntima feminina recentemente começaram a aparecer publicamente, e um dos motivos são os seus resíduos. De fato, o mundo está enfrentando um grande agravo da pegada de carbono dos absorventes íntimos descartáveis, e sem a devida exposição a problemática não pode ser resolvida.

A enorme quantidade de material não biodegradável despejado em aterros sanitários, que libera substâncias nocivas e gases para a atmosfera, é assustadora.

O problema com os absorventes comuns

Em se tratando dos materiais utilizados para a fabricação dos absorventes descartáveis comuns, em sua maioria são derivados de recursos naturais, principalmente à base de petróleo. Ou seja, não podem ser reutilizados e, ao mesmo tempo, não se decompõem no meio ambiente.

Nos produtos comumente encontrados nas prateleiras de drogarias e supermercados, polímeros superabsorventes são adicionados com a intenção de melhorar a capacidade de absorção, afinal, eles podem absorver muitas vezes seu próprio peso em líquido. No entanto, estes mesmos polímeros são materiais à base de petróleo, e depois de utilizados eles têm como destino certo os aterros sanitários, onde podem levar até 500 anos para se degradar.

Simultaneamente, é provável que o uso destes materiais também cause certos efeitos adversos na saúde das mulheres. O contato prolongado tem sido associado a reações cutâneas e até síndrome de choque tóxico, o que já levou à proibição de uso desse material em absorventes internos.

Os resíduos de absorventes descartáveis na ponta do lápis

Ao falar de resíduos vale lembrar que o Brasil é um país continental, com mais 211 milhões de pessoas, das quais, cerca de 100 milhões de mulheres. Se considerarmos que pelo menos 10% das mulheres brasileiras usam absorventes descartáveis, e que cada uma gere pelo menos meio quilo desse lixo por mês, teremos que essa parte da população feminina no Brasil, gera 5 mil toneladas de resíduos de absorventes descartáveis por mês.

Lidar com isso não é uma tarefa fácil. Se faz necessária concentração no desenvolvimento de novos produtos mais sustentáveis, escolhendo a matéria-prima com baixa pegada de carbono. Além disso, há questões culturais envolvidas, as quais não fazem parte da presente discussão, mas carecem ser consideradas no contexto.

Os números são ameaçadores e certamente nos fazem reafirmar que a exploração desses recursos precisa ser interrompida de imediato. O desafio é encontrar matérias-primas alternativas, que sejam sustentáveis por natureza, sem comprometer a exigência funcional do produto.

E foi exatamente neste contexto que absorventes sustentáveis foram desenvolvidos por brasileiras.

A história da EcoCiclo

Tudo começou em 2018, quando as cofundadoras foram selecionadas para participar do programa ProLíder. O desafio era criar um negócio de impacto social, com o potencial de atingir 1 milhão de pessoas.

Durante o programa e em meio aos bate-papos sobre menstruação e produtos de higiene menstrual, nasceu a EcoCiclo. Elas desenvolveram absorventes sustentáveis. Pensaram em tudo, de modo a manter a praticidade do absorvente convencional, o cuidado com a saúde feminina e com o meio ambiente.

Considerando que os absorventes comuns são poluentes e alérgicos, pois usam substâncias tóxicas e alérgicas, parabenos e derivados do petróleo, o EcoCiclo eliminou o aspecto negativo desses produtos.

Tudo isso porque, em seu processo de desenvolvimento conta com materiais certificados e biodegradáveis, é hipoalergênico, vegano e possui formato anatômico. Demais, não é? Mas não para por aí. Ainda, contém óleos essenciais que preservam e cuidam da fisiologia natural da mulher, e levam em conta a preocupação com preço, conforto e comodidade.

A importância dos absorventes veganos

A EcoCiclo é a primeira marca 100% brasileira de absorventes descartáveis, que além de sustentáveis também são veganos. Essa característica é especialmente relevante se considerarmos o contexto dos testes em animais.

Assim como outros produtos de higiene e saúde, absorventes convencionais tem suas matérias-primas testadas em animais. Por exemplo, para dar a aparência branquinha os fios são branqueados com cloro, e o cloro é uma dessas substâncias de testes.

Isso vale para alguns coletores menstruais. Estes também são considerados dispositivos de saúde, em sua maioria, fabricados de silicone, material que precisa de testes em animais para garantir que seja estável. Desse modo, até que a legislação ou os requisitos para testes mudem, infelizmente, o coletor não é vegano se feito de silicone de grau médico.

Finalmente, toda a complexa problemática ao redor dos absorventes íntimos parece estar com seus dias contados. Com um mercado tão grande e de demandas tão recorrentes, não há mais justificativas para manter os mesmos produtos em circulação. A EcoCiclo chegou com absorventes sustentáveis e veganos, para provar que é possível manter uma higiene íntima satisfatória, sem agredir o meio ambiente e sem crueldade com os animais.

Leia mais sobre veganismo e sustentabilidade e confira essas dicas para ser mais sustentável.

Por Nadia Gonçalves em 11 de agosto
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