A tecnologia está possibilitando a criação de tecidos mais sustentáveis e veganos, livres de qualquer tipo de crueldade animal. O protagonista da vez é a seda vegana. As pessoas responsáveis por desenvolver essa ideia são a Adriana Santanocito e a Enrica Arena, italianas donas da empresa Orange Fiber.

A Orange Fiber tem como objetivo fabricar seda sustentável a base dos subprodutos da indústria de suco, como o bagaço da laranja. Com essa ideia, a Orange Fiber está criando um destino para centenas de milhares de restos de alimentos que estariam destinados, muito provavelmente, aos aterros sanitários.

Segundo a empresa, esse é o “primeiro tecido cítrico sustentável do mundo”, e aposta que esse produto será usado para fazer moda de luxo.

“Estamos orgulhosos de ter identificado e desenvolvido uma tremenda oportunidade para a aplicação da ecologia industrial, reduzindo o desperdício e a poluição, transformando os subprodutos do suco cítrico em algo novo e sustentável”, afirma a marca.

A empresa garante que o fio da seda vegana é leve, suave ao toque e pode ser opaca ou iridescente. Além disso, a fibra vegana da seda de bagaço de laranja pode ser tingida ou impressa. Dessa forma, o tecido pode ser transformado de diversas formas e atender a diversas marcas e coleções.

Os primeiros protótipos, um tecido semelhante a uma mistura de seda e outra mistura mais parecida com o cetim, foram apresentados em 2014, durante a Vogue’s Fashion’s Night Out.

Após a apresentação, a seda vegana gerou alguns reconhecimentos (e com razão) para Adriana e Enrica.

A Orange Fiber ganhou, em 2016, o Prêmio Global de Mudança, apresentado pela Fundação H & M, empresa que tem como objetivo financiar ideias que podem ajudar a proteger os recursos naturais da Terra.

A empresa de Adriana e Enrica ficou entre as cinco vencedoras do prêmio concorrido por 2700 projetos de 112 países. E além do título, a Orange Fiber recebeu 150 mil euros (ou US$ 141.066).

Salvatore Ferragamo apostou na seda vegana

Se você achou que a comercialização desse tecido ainda não estava gerando frutos, está enganado. Em 2017, a marca Salvatore Ferragamo apostou na criação de Adriana e Enrica. A marca desenvolveu um primeiro projeto utilizando apenas tecidos sustentáveis de origem natural.

Assim, Salvatore Ferragamo foi a primeira marca a utilizar a seda vegana da Orange Fiber. A coleção contempla camisas, vestidos, calças e foulards.

E claro que podemos esperar mais e mais marcas se conscientizando dos problemas que a seda tradicional pode causar para o meio ambiente e para os animais.

Por que optar pela seda vegana?

A principal vantagem deste produto está em evitar a crueldade e a exploração do bicho-da-seda. No processo original de produção da seda, os insetos são mortos adormecidos no seu casulo.

A crueldade que esses animais vivem varia de morte por água fervendo e impedimento de voar e de comer. E mesmo não sendo um animal que culturalmente estamos acostumados a sentir pena, eles são animais e sofrem.

Além disso, enquanto a seda vegana é produzida apenas com restos de alimentos que já seriam descartados, a produção de 1kg de seda “original” causa a morte de 2 a 3 mil bichos-da-seda.

Não é apenas a seda que causa sofrimento animal. É importante abolir outros tecidos como couro, camurça, casimira ou caxemira, lã, penas e plumas do vestuário ao se tornar vegano (e até antes disso).

Outras alternativas

A Orange Fiber não é a única alternativa do mercado. Embora ainda não haja muitas opções, podemos encontrar:

Soysilk

O soysilk é uma alternativa a seda feita com resíduos de soja que sobram da produção de tofu. Mais uma alternativa que reaproveita restos que seriam jogados fora.

Embora ele seja uma alternativa que reaproveita restos que seriam jogados fora, ele ainda não é a melhor opção para substituir a seda. Infelizmente o soysilk leva em sua composição o formaldeído, substância cancerígena.

Peace silk

O peace silk consiste em desenvolver a seda a partir do casulo do bicho-de-seda que não está mais sendo usado. Fabricada na Índia, a peace silk recolhe os casulos na floresta após a mariposa eclodir e voar para longe, ou seja, não mantida em cativeiro.

A seda vegana tem tudo para ser um grande sucesso e substituir de vez o uso da seda tradicional cheia de exploração. Caso você ainda não encontre esses tecidos para comprar, se possível, ainda assim evite o uso e a contribuição com esse material. Sempre que possível dê preferência a marca veganas, que além de evitar a crueldade, contribuem com a sustentabilidade.

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Por Lari Chinaglia em 16 de janeiro
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