A Wageningen University & Research (WUR) realizou recentemente sua palestra anual Mansholt, que tem como objetivo “inspirar formuladores de políticas e partes interessadas da Europa sobre questões críticas da sociedade, especialmente aquelas relacionadas aos sistemas agroalimentares sustentáveis e ao meio ambiente”.
Neste ano, a palestra focou no uso da terra e foi acompanhada de um relatório intitulado Key dilemmas on future land use for agriculture, forestry and nature in the EU (Principais dilemas sobre o uso futuro da terra para a agricultura, silvicultura e natureza na UE). Um dos temas principais é o impacto negativo da pecuária e a necessidade de mudanças nos padrões de consumo.
O relatório aborda cinco dilemas principais:
Autossuficiência
Embora a União Europeia tenha um alto nível de segurança alimentar, ela depende significativamente de matérias-primas importadas, como fertilizantes, energia e ração animal. A região poderia produzir mais culturas de proteína e oleaginosas, mas isso exigiria restringir o uso da biomassa para alimentação animal e combustíveis, o que demandaria mudanças nos hábitos de consumo.
Pecuária
O WUR destaca que o tamanho atual do rebanho europeu tem “consequências negativas significativas” para o clima, a biodiversidade e as pessoas. O aumento das preocupações éticas sobre a criação de animais para consumo de carne também é discutido. O relatório sugere a possibilidade de usar matérias-primas e resíduos para ração animal, evitando a competição com a produção de alimentos para humanos, mas aponta que isso pode ainda exigir uma redução no consumo de proteína animal.
Metas climáticas e de biodiversidade
A Lei Europeia do Clima estabelece metas específicas para a redução das emissões, mas ainda não foi definido se os orçamentos de carbono serão impostos com base em cada país ou trocados entre os Estados membros. Essa decisão pode ter grandes implicações, pois a natureza e a biodiversidade não estão igualmente distribuídas entre os países.
Concorrência pelo uso da terra
Os esforços para melhorar a segurança alimentar, a biodiversidade e o impacto ambiental podem gerar uma competição por terras entre os produtores de biomassa alimentar e não alimentar. Será necessário tomar decisões sobre o que será priorizado e como isso será implementado em cada país e na União Europeia como um todo.
Intervenções comportamentais
São necessárias intervenções governamentais para influenciar os consumidores a adotar padrões de consumo mais sustentáveis. Contudo, isso pode gerar resistência caso o público perceba que sua liberdade de escolha está sendo restringida.
Pesquisas realizadas em alguns países indicam que a maioria dos consumidores apoia certas intervenções governamentais, como políticas para reduzir o consumo de carne. No entanto, ainda há questionamentos sobre até que ponto essas políticas devem ser aplicadas.
“Já existem várias direções possíveis a serem exploradas em cada um dos dilemas mencionados”, afirma o relatório. “Adicionando uma camada de complexidade, esses dilemas estão fortemente interconectados – decisões tomadas em um dilema podem limitar as opções nos outros. Precisaremos de abordagens que envolvam toda a sociedade para as decisões que envolvem esses cinco dilemas, pois elas irão moldar o futuro do nosso sistema alimentar e biobaseado não alimentar, os resultados para a natureza e biodiversidade, e a qualidade de vida em geral.”
Confira a matéria publicada no vegconomist.
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