A startup israelense PoLoPo, especializada em agricultura molecular, anunciou que começará a fornecer uma de suas proteínas principais, a patatina, para produtos alimentícios e bebidas, assim que receber a aprovação regulatória do USDA.
A PoLoPo desenvolveu uma plataforma para cultivar proteínas em larga escala em tubérculos de batata, incluindo a ovalbumina, uma proteína de ovo amplamente utilizada na indústria alimentícia, e a própria patatina, reduzindo significativamente os custos.
Segundo a startup, a patatina, proteína nativa da batata, deve enfrentar um processo regulatório relativamente simples. Embora seja derivada de plantas geneticamente modificadas, ela é extraída e processada em pó sem conter material genético, o que a classifica como um produto não-OGM.
Maya Sapir-Mir, CEO e cofundadora da PoLoPo, comentou: “Estamos focados em levar ao mercado a proteína de ovo cultivada por meio de agricultura molecular, mas conversas com clientes revelaram uma demanda adicional por patatina em grandes quantidades e a um preço acessível.”
Proteínas funcionais de batata
Fundada por Sapir-Mir e Raya Liberman-Aloni em 2022, a PoLoPo captou US$ 2,3 milhões, incluindo US$ 1,75 milhão para produzir proteínas animais em batatas. Entre os investidores que apoiam o método de produção escalável da empresa estão FoodLabs, Milk & Honey Ventures, CPT Capital, Siddhi Capital, Plug and Play e Hack Capital.
As batatas, um dos alimentos não-cereais mais cultivados do mundo, são abundantes, resilientes e baratas. No entanto, os métodos tradicionais de extração de patatina são proibitivos em termos de custo — mais de US$ 100 por quilo — devido aos baixos rendimentos e altos custos de processamento.
“A maioria das proteínas de batata no mercado é não funcional, pois os fabricantes destroem as proteínas durante a extração do amido de batata. Proteínas de batata não funcionais são geralmente destinadas a ração animal, incluindo alimentos para pets, cosméticos e produtos farmacêuticos”, explica a empresa.
Patatina para produtos plant-based
A patatina é uma proteína versátil, sem alérgenos e de alta qualidade (valor PDCAAS de 0,99) com todos os aminoácidos essenciais, uma característica muito valorizada na indústria alimentícia. Com propriedades emulsificantes, gelificantes e texturizantes, ela pode ser aplicada em uma variedade de produtos, desde carnes e laticínios vegetais até produtos de panificação e bebidas proteicas.
Empresas que utilizam batatas para alimentos plant-based incluem a Branston, maior fornecedora de batatas do Reino Unido, que lançou uma instalação de extração de proteína de batata para atender à crescente demanda por ingredientes vegetais locais. A produtora holandesa Aviko Rixona também lançou um queijo vegano feito de batatas, que dizem rivalizar com o queijo tradicional.
A sueca Veg of Lund, conhecida pela marca de leite vegetal DUG, utiliza uma emulsão de batata proprietária para fazer suas bebidas populares, smoothies de batata, creme, sorvete e carne vegetal, que deve ser lançada em breve. Em outra categoria, a marca de alimentos para pets VEGDOG usa proteína de batata para oferecer produtos sem glúten, adequados para cães com alergias. Recentemente, a empresa alemã lançou o VEGDOG POPS, uma pipoca de batata para cães.
Enquanto isso, a PoLoPo se prepara para oferecer suas proteínas de ovo e patatina para testes na indústria alimentícia e está buscando parceiros de cultivo nos EUA.
Em um artigo de opinião para o vegconomist, Sapir-Mir afirmou: “A agricultura molecular complementa a indústria alimentícia atual, que já é baseada em linhas de processamento de alimentos que transformam culturas em ingredientes. Startups de agricultura molecular podem utilizar essas linhas para suas necessidades, confiar em uma infraestrutura bem estabelecida e ajudar as empresas de alimentos a produzir produtos de maior valor e mais sustentáveis.”
Confira a matéria publicada na vegconomist.
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