O Food and Beverage Accelerator (FaBA) da Austrália divulgou um novo relatório detalhando os desafios, impactos econômicos e benefícios ambientais da indústria de fermentação de precisão no país.
Mais de 70 especialistas dos setores industrial, governamental e acadêmico contribuíram para o estudo, que identifica essa tecnologia como essencial para transformar o sistema alimentar. A fermentação de precisão permite a produção de proteínas, gorduras e outros compostos de maneira sustentável e personalizada, indo além das alternativas às proteínas tradicionais.
Recomendações para o desenvolvimento do setor
O documento traz recomendações-chave para impulsionar o setor, como a criação de um plano alimentar nacional e a nomeação de um ministro específico para a área de alimentos. Entre os destaques estão:
- Regulamentações que equilibrem inovação, segurança e confiança pública.
- Estabelecimento de padrões internacionais comuns.
- Ampliação de investimentos em fabricação em larga escala.
- Padronização de métodos para avaliar impactos ambientais.
“Nossa principal recomendação é desenvolver um Plano Nacional de Alimentos que unifique esforços em regulamentação, inovação e promoção da fermentação de precisão”, afirmou o professor Esteban Marcellin, do FaBA, à Universidade de Queensland.
Ele explica que essa abordagem facilitaria aprovações, integraria melhor a agricultura tradicional e coordenaria estratégias para fortalecer a indústria.
Potencial econômico de US$ 30 bilhões até 2040
A fermentação de precisão possibilita a produção de ingredientes alimentares sem dependência direta da agricultura, incluindo proteínas e gorduras sem uso de animais, além de compostos inovadores com desempenho superior ao natural.
O relatório estima que essa tecnologia pode gerar até US$ 30 bilhões por ano para a Austrália e criar mais de 50.000 empregos até 2040. Outro estudo, da Cellular Agriculture Australia, indica que a fermentação da safra de açúcar australiana, avaliada em US$ 2 bilhões, em gorduras e proteínas lácteas pode adicionar entre 50 e 80 bilhões de dólares australianos à economia, multiplicando por até 22 vezes o valor atual do setor de açúcar.
A região da Austrália e Nova Zelândia já conta com empresas como Eden Brew, Daisy Lab (NZ), All G Foods e Noumi (proteínas lácteas), Eclipse Ingredients (compostos humanos equivalentes) e Nourish Ingredients (gorduras), além de fabricantes como a CMDO Cauldron Ferm.
“Essa tecnologia pode diversificar e melhorar nossa oferta de alimentos – imagine cepas microbianas projetadas para produzir proteínas de alta qualidade. Estamos próximos de alcançar fontes alimentares sustentáveis e personalizadas”, acrescentou o professor Marcellin.
Rumo à transformação do sistema alimentar
O relatório, intitulado “Precision Fermentation: A Future of Food in Australia”, busca orientar líderes da indústria, formuladores de políticas e stakeholders sobre os desafios urgentes da área. Entre eles estão os altos custos iniciais, a escalabilidade comercial, barreiras regulatórias, aceitação dos consumidores e questões éticas.
“Como sociedade global, precisamos inovar e transformar o sistema alimentar para enfrentar os grandes desafios do nosso tempo. A fermentação de precisão oferece uma abordagem promissora, junto com a produção convencional de alimentos, para o futuro da indústria de alimentos e bebidas da Austrália”, afirmou o diretor do FaBA, Dr. Chris Downs, à Universidade de Queensland.
Confira a matéria publicada no vegconomist.
Leia também:
KoRo capta €35 milhões em rodada de investimento excedida
Tassio Silva, da Master Veggie, recebe Prêmio Alumni Destaque
Onego Bio inaugura sede nos EUA para produzir proteína de ovo sustentável
Compartilhe: