A Impossible Foods, gigante californiana de carne plant-based, avançou na primeira fase do rigoroso processo regulatório para vender seu hambúrguer de carne vegetal na União Europeia.
A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) concluiu que o uso de leghemoglobina de soja derivada de Komagataella phaffii (anteriormente conhecida como Pichia pastoris), uma levedura utilizada por diversas empresas de proteínas alternativas, não representa um risco de segurança nas condições propostas de uso e inclusão.
A Impossible Foods, que confirmou o progresso, utiliza a leghemoglobina de soja como aditivo em sua linha de carne vegetal, conferindo aos produtos a cor e o sabor característicos da carne convencional. A empresa sempre destacou o ingrediente fermentado com precisão como o responsável pelo efeito de “sangramento” do Impossible Burger.
A opinião da EFSA é provisória, sujeita a uma avaliação contínua sobre a modificação genética da cepa de produção.
Heme impede avanços na União Europeia
Durante sua fase de pesquisa e desenvolvimento, a Impossible Foods extraía heme dos nódulos radiculares de plantas de soja, antes de mudar para a fermentação para permitir uma produção mais escalável e sustentável.
O processo começa com a inserção do DNA de plantas de soja em leveduras geneticamente modificadas, que são fermentadas de forma semelhante à produção de cerveja belga. O heme, contido na leghemoglobina de soja, é isolado da levedura e adicionado aos produtos de carne.
A cepa de levedura K. phaffii é a mesma utilizada por empresas de fermentação de precisão, como The Every Co (que produz proteínas de ovo sem origem animal) e Remilk (que fabrica proteínas lácteas recombinantes).
Os produtos Impossible Burger, Beef, Beef Lite e Hot Dog utilizam este ingrediente para replicar a cor e o sabor da carne convencional. Reguladores de segurança alimentar nos EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Singapura já aprovaram o uso de leghemoglobina de soja, permitindo à Impossible Foods lançar seus produtos nesses mercados.
No entanto, o Impossible Burger ainda não está disponível na União Europeia, que tem um processo regulatório rigoroso que tem retardado a entrada de diversas empresas de proteínas alternativas. Recentemente, a produtora francesa de foie gras cultivado Gourmey se tornou a primeira a solicitar aprovação no bloco.
Essa movimentação ocorreu um mês após a Impossible Foods superar o primeiro obstáculo em uma avaliação que está em andamento desde 2019.
Regulador da UE afirma que heme é seguro, mas aprovação de OGM ainda é necessária
Em uma opinião científica publicada no final de junho, o Painel da EFSA sobre Aditivos Alimentares e Aromatizantes observou que o aditivo alimentar proposto, chamado LegH Prep, é uma preparação líquida contendo leghemoglobina de soja e ingredientes adicionais, destinado a ser usado como corante em análogos de carne.
No seu pedido à EFSA, a Impossible Foods declarou que a leghemoglobina de soja contém um grupo heme B semelhante aos mioglobinas animais e outras hemoglobinas vegetais. Em carnes convencionais, esse grupo é responsável pela cor vermelha dos produtos crus.
Durante o cozimento do hambúrguer, ocorre a oxidação do ferro, resultando na liberação de oxigênio e na perda da cor vermelha. Quando a leghemoglobina de soja é aquecida acima de 62°C ou exposta a ambientes de baixo pH (como o estômago humano), ela se desnatura. Isso, combinado com a liberação do grupo heme B, contribui para os sabores e aromas associados à carne animal cozida.
O nível máximo proposto de heme em análogos de carne é de 0,8%, similar à quantidade de mioglobina na carne bovina (0,8% a 1,8%). A exposição ao ferro também está abaixo dos “níveis seguros de ingestão” estabelecidos pelo Painel de Nutrição, Novos Alimentos e Alergênicos da EFSA.
O processo não identificou preocupações genotóxicas ou efeitos adversos em estudos toxicológicos, e a EFSA não viu necessidade de estabelecer uma ingestão diária aceitável.
O próximo passo para a entrada do Impossible Burger na União Europeia é a avaliação de segurança pelo Painel de Organismos Geneticamente Modificados. Esse processo está sob uma pausa desde dezembro de 2021, exigindo que a empresa forneça informações adicionais para que a EFSA conclua sua avaliação. O prazo atual para a avaliação de risco de OGM é junho de 2025.
Confira a matéria publicada na Green Queen.
Leia também:
PawCo Foods cresce 1000% e alcança US$ 1 milhão em receita
Nutreco inaugura instalação para produção de alimento para carne cultivada
Probios adquire BiotoBio em grande transação de M&A
Compartilhe: