Uma análise realizada pela GFI Europe revelou que o governo do Reino Unido destinou £75 milhões para a inovação em proteínas alternativas. Esse montante representa mais da metade do valor recomendado pelo Relatório Nacional de Alimentação de 2021, liderado pelo empresário Henry Dimbleby.
Inicialmente, havia preocupação de que o Reino Unido ficasse para trás em relação a outros países nesse setor. No entanto, segundo a GFI Europe, esse receio não se concretizou. O avanço na destinação de investimentos públicos para alimentos de base vegetal, carne cultivada e ingredientes produzidos por fermentação tem sido rápido. Até o momento, 60% dos £125 milhões recomendados por Dimbleby já foram direcionados para inovadores do setor de proteínas alternativas, tornando o Reino Unido o segundo maior financiador público de pesquisa na Europa nessa área.
A GFI Europe elogiou a criação de quatro centros de inovação em proteínas alternativas no país: o Bezos Centre for Sustainable Protein (BCSP), o Microbial Food Hub, o Cellular Agriculture Manufacturing Hub (CARMA) e o National Alternative Protein Innovation Centre (NAPIC). Com apoio de investimentos públicos e filantrópicos, essas instituições assinaram recentemente um Memorando de Entendimento para cooperar na solução de desafios como redução de custos, escalabilidade e aceitação do consumidor. Entretanto, a GFI Europe ressalta que esses centros ainda não podem ser considerados um “cluster”, como recomendado no Relatório Nacional de Alimentação.
Avanços na regulação
O estudo também aponta algum progresso na modernização das regulações para alimentos produzidos por cultivo celular e fermentação de precisão. As mudanças foram descritas como “positivas, mas lentas” e incluem a criação, pela Food Standards Agency, de um ambiente regulatório experimental para auxiliar empresas de carne cultivada a superar barreiras para a comercialização.
Por outro lado, a GFI Europe critica o fato de a agência ainda não ter publicado diretrizes detalhadas para startups do setor de proteínas alternativas, medida sugerida desde 2022. Além disso, a obrigatoriedade de relatórios sobre a venda de proteínas por grandes empresas, conforme proposto no Relatório Nacional de Alimentação, também não foi implementada.
A GFI Europe recomenda que os formuladores de políticas abordem questões mais amplas, como o apoio à ampliação de instalações para empreendedores e o desenvolvimento de cadeias de suprimento locais que beneficiem os produtores de alimentos.
“Metade do caminho percorrido”
O apoio do governo britânico às proteínas alternativas tem sido ambíguo. Enquanto há esforços para acelerar a aprovação da carne cultivada, também houve iniciativas contraditórias, como o financiamento de campanhas para o consumo de carne vermelha e a falta de ações para reduzir a venda de produtos de origem animal.
O Secretário de Estado para o Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais, Steve Reed, comprometeu-se a desenvolver uma nova estratégia alimentar na primeira metade deste ano. Para a GFI Europe, essa é uma “oportunidade única para impulsionar a segurança alimentar, promover o crescimento verde e criar novas oportunidades para os produtores, acelerando a diversificação das fontes de proteína”.
“Governos sucessivos no Reino Unido avançaram significativamente nessa área, estabelecendo uma base sólida para que cientistas e empresas desenvolvam um setor de proteínas alternativas dinâmico”, afirmou Linus Pardoe, gerente sênior de política no Reino Unido para a GFI Europe. “Mas ainda há muito a ser feito. Os ministros devem aproveitar a nova estratégia alimentar como uma oportunidade para consolidar a liderança do Reino Unido na diversificação das proteínas até 2030. Com planos ambiciosos, poderão liberar todo o potencial desse setor para impulsionar o crescimento econômico baseado na inovação e oferecer opções alimentares mais saudáveis à população”.
Confira a matéria publicada no vegconomist.
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