Nem toda fibra é igual – na verdade, são fibras.

Essa é a descoberta central da One Bio, uma startup de Sacramento, nos Estados Unidos, que extrai fibras invisíveis e sem sabor de plantas antes que sejam desperdiçadas. Batizadas de WholeFibers, essas fibras podem ser utilizadas em diversos produtos, como leites vegetais, cereais, suplementos e alimentos que complementam medicamentos GLP-1, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro.

A startup busca solucionar três grandes problemas: a deficiência de fibras na dieta americana, os impactos negativos disso na saúde pública e o desperdício na indústria de alimentos e agricultura. Além disso, a inovação se alinha com a crescente atenção dos consumidores ao microbioma intestinal e à demanda por alimentos que complementem medicamentos de emagrecimento.

Para impulsionar essa missão, a One Bio acaba de captar US$ 27 milhões em uma rodada série A, elevando o total captado para US$ 44 milhões. A rodada foi liderada pela AlphaEdison, com participação de novos investidores como Leaps by Bayer, Mitsui E12, Morado Ventures, ReMY, DSM-Ferminich e Better, além de investidores anteriores, incluindo iSelect, Skyview Life Sciences, Collaborative Fund e Acre Venture Partners.

“Diante de prateleiras repletas de alimentos processados e embalados e de doenças crônicas em alta, os consumidores estão começando a entender o poder do microbioma intestinal. Há uma demanda reprimida gigantesca, e esse é o mercado da One Bio”, afirmou Nate Redmond, sócio-gerente da AlphaEdison.

Solucionando o desafio das fibras

Antes conhecida como BCD Bioscience, a One Bio foi fundada em 2019 por Matt Amicucci, Carlito Lebrilla, Bruce German e David Mills. No ano passado, Matt Barnard se juntou como cofundador e CEO.

A equipe começou analisando a estrutura de milhares de fibras ativas de plantas, criando um banco de dados chamado Glycopedia. Esse catálogo contém informações sobre quase 3 mil estruturas de carboidratos derivados de plantas, permitindo que a startup estude suas funções individuais e benefícios para a saúde.

“O termo ‘fibra’ é antigo e sugere que existe apenas um tipo, quando, na realidade, há milhares de estruturas com funções diversas. Chamar tudo de ‘fibra’ é como chamar as vitaminas A, B12, K3, o ferro e o cálcio simplesmente de ‘nutrientes’, ignorando suas diferenças”, explicou Barnard.

O grande desafio é que adicionar fibras em grandes quantidades pode prejudicar o sabor dos alimentos. A One Bio resolve isso ao extrair fibras ativas de subprodutos alimentares, como cascas de maçã e cranberry, além de resíduos de soja e amêndoas. Essas fibras são transformadas em cadeias curtas, tornando-se invisíveis e sem sabor, mas altamente eficazes quando adicionadas a alimentos e bebidas.

De acordo com a empresa, o consumo de fibras caiu 90% desde a industrialização dos alimentos. Isso ocorre porque o processamento moderno isola os açúcares e descarta as fibras, privando o microbioma intestinal dos nutrientes necessários para regular funções essenciais, como controle de glicose, energia, humor e sensação de saciedade.

“O processamento moderno retirou as fibras vegetais dos alimentos e deixou nosso microbioma sem os nutrientes que ele precisa para nos manter saudáveis”, disse Barnard. “Temos a chance de oferecer escolhas muito melhores do que as que encontramos hoje nas prateleiras.”

Com as WholeFibers, é possível consumir de cinco a dez vezes mais fibras diariamente – uma solução importante, já que a maioria das pessoas não ingere nem metade da quantidade recomendada.

A oportunidade no mercado GLP-1

A One Bio atua em um mercado promissor: 95% dos americanos consomem menos fibras do que o necessário, o que prejudica o microbioma e contribui para doenças como obesidade, diabetes tipo 2, colesterol alto e problemas cardiovasculares – a principal causa de morte no país.

Apesar disso, a perspectiva está mudando. Uma pesquisa com 3 mil pessoas mostrou que, depois da proteína, a fibra é o nutriente que mais interessa aos consumidores, com nove em cada dez buscando-a em alimentos, e não em bebidas ou suplementos.

Esse interesse crescente é impulsionado por documentários como Hack Your Health (Netflix), aplicativos de nutrição personalizada, como Zoe, e pela popularização dos medicamentos GLP-1, utilizados por cerca de 30 milhões de americanos. Esses remédios simulam a ação do hormônio incretina, responsável por regular a glicose no sangue, controlar o apetite e auxiliar no emagrecimento.

A fibra, naturalmente, desempenha um papel semelhante no organismo. Com 62% dos americanos mais dispostos a mudar a dieta do que recorrer a injeções para perda de peso, a indústria alimentícia tem se mobilizado para oferecer produtos ricos em fibras que complementam os medicamentos GLP-1. Grandes empresas como Nestlé, Conagra, Kroger e Daily Harvest estão de olho nesse mercado, enquanto startups focadas em fibras, como Supergut, Olipop e Uplift Food, também colhem benefícios.

A One Bio acredita que suas fibras de cadeia curta podem ajudar a reduzir a dependência desses medicamentos, que possuem efeitos colaterais significativos, além de tratar doenças metabólicas.

“A One Bio aposta em microbiomas saudáveis para promover longevidade, digestão eficiente e o combustível necessário para maximizar nossa saúde”, concluiu Barnard. “Nosso objetivo é reverter os impactos negativos da dieta processada atual, responsável por 70% das calorias que consumimos.”

Confira a matéria publicada no Green Queen.

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