Nos últimos anos, o mercado plant-based, focado em alternativas vegetais aos produtos de origem animal, tem atraído um volume crescente de investimentos. Esse aumento de capital reflete o crescente interesse dos consumidores por opções alimentares mais saudáveis, éticas e sustentáveis. Segundo dados da empresa de pesquisa de mercado Allied Market Research, o valor do mercado global de alimentos plant-based foi estimado em cerca de 29,4 bilhões de dólares em 2020, e a projeção é que esse número alcance 162 bilhões até 2030. Esse crescimento acelerado não passou despercebido por investidores, tanto em fundos de capital de risco quanto em grandes corporações alimentícias, que têm investido fortemente em startups e empresas estabelecidas nesse setor.
Além de ser uma indústria em ascensão, o mercado plant-based está no centro de grandes tendências globais, como a busca por uma alimentação mais saudável, a conscientização sobre o impacto ambiental da pecuária e o aumento do consumo de produtos que respeitem o bem-estar animal. O cenário está se transformando rapidamente, com novas marcas surgindo, tecnologias inovadoras sendo desenvolvidas e a cadeia produtiva se reorganizando para atender à demanda crescente por alternativas plant-based.
Neste artigo, vamos explorar os principais motivos por trás do interesse dos investidores, as áreas mais promissoras para alocar capital, os exemplos de sucesso e as previsões de crescimento para esse mercado que tem tudo para transformar a indústria alimentícia global.
Motivos por trás do interesse dos investidores
O mercado plant-based oferece uma série de atrativos que o tornam altamente interessante para investidores. Entre os principais motivos estão a sustentabilidade, a demanda crescente e as tendências de saúde e bem-estar que impulsionam o consumo de alimentos à base de plantas.
1. Sustentabilidade ambiental
A preocupação com o meio ambiente é um dos principais impulsionadores do crescimento do setor plant-based. A indústria de carne tradicional é frequentemente apontada como uma das maiores responsáveis por emissões de gases de efeito estufa, desmatamento e consumo excessivo de recursos naturais, como água e terra. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a pecuária responde por cerca de 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Os alimentos plant-based, por outro lado, oferecem uma alternativa mais sustentável. Estudos indicam que a produção de carne à base de plantas pode reduzir em até 90% o uso de terra e água em comparação com a carne convencional, além de reduzir significativamente as emissões de carbono. Essa vantagem ambiental faz com que muitos investidores vejam o mercado plant-based como uma solução viável para os desafios globais de sustentabilidade.
2. Demanda crescente por alternativas à carne
O interesse dos consumidores por alternativas à carne e laticínios tem crescido em todo o mundo. Um estudo realizado pela consultoria Nielsen mostrou que o consumo de produtos plant-based cresceu 43% entre 2019 e 2020 apenas nos Estados Unidos. Esse crescimento é impulsionado não apenas por consumidores veganos ou vegetarianos, mas também por um número crescente de “flexitarianos”, pessoas que buscam reduzir o consumo de produtos de origem animal sem eliminá-los completamente da dieta.
A ascensão de movimentos como “segunda sem carne” e o aumento da conscientização sobre os impactos negativos do consumo excessivo de carne para a saúde e o meio ambiente têm levado mais pessoas a adotar uma dieta mais baseada em plantas. Isso cria um mercado promissor para alimentos plant-based, abrindo oportunidades para empresas que oferecem produtos inovadores e saborosos que atendam a essa demanda.
3. Inovação tecnológica e o fator saúde
Outro fator que tem atraído investidores para o mercado plant-based é o avanço das tecnologias de produção de alimentos. As alternativas vegetais à carne, como hambúrgueres de soja ou ervilha, têm evoluído em termos de sabor e textura, oferecendo uma experiência cada vez mais próxima da carne tradicional. Além disso, o desenvolvimento de proteínas cultivadas em laboratório, que não exigem a criação de animais, promete revolucionar a indústria alimentícia nos próximos anos.
Do ponto de vista da saúde, os alimentos plant-based são frequentemente associados a benefícios como a redução do risco de doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes. Esse apelo saudável, aliado ao fato de muitas pessoas estarem buscando reduzir o consumo de carne por razões de saúde, é um dos motivos pelos quais a indústria continua a atrair tanto interesse.
Vitaminas e minerais essenciais: suplementação de B12 e outros nutrientes
Embora as dietas à base de plantas ofereçam uma série de benefícios, é importante estar atento a certos nutrientes que podem ser mais difíceis de obter em quantidades adequadas. A vitamina B12, por exemplo, é um nutriente que só é encontrado naturalmente em alimentos de origem animal, sendo necessária a suplementação para quem segue uma dieta plant-based estrita.
1. Vitamina B12
A vitamina B12 é essencial para a produção de glóbulos vermelhos e o funcionamento adequado do sistema nervoso. Para evitar a deficiência dessa vitamina, muitos consumidores de alimentos plant-based optam por suplementos ou alimentos fortificados, como leites vegetais e cereais enriquecidos.
2. Vitamina D e cálcio
A vitamina D é crucial para a absorção de cálcio e a saúde óssea. Embora o corpo possa produzir vitamina D com a exposição ao sol, muitas pessoas, especialmente em climas frios, precisam de suplementos ou alimentos fortificados para garantir a ingestão adequada. Além disso, o cálcio, importante para a saúde dos ossos, pode ser obtido de fontes vegetais, como tofu, brócolis e bebidas vegetais enriquecidas.
3. Ferro
O ferro é outro nutriente que merece atenção em uma dieta plant-based, pois o ferro presente em alimentos de origem vegetal não é tão facilmente absorvido pelo organismo quanto o ferro de origem animal. Para aumentar a absorção, é recomendável consumir alimentos ricos em vitamina C junto com fontes de ferro, como feijões, lentilhas e vegetais de folhas verdes.
4. Ômega-3
Os ácidos graxos ômega-3, normalmente associados a peixes, também podem ser obtidos a partir de fontes vegetais, como sementes de chia, linhaça e nozes. Suplementos de ômega-3 derivados de algas são outra opção para quem deseja garantir a ingestão adequada desse nutriente.
Principais áreas de investimento
O mercado plant-based oferece diversas oportunidades de investimento em diferentes setores. Algumas das áreas que têm atraído mais capital são:
1. Alimentos plant-based
A produção de alimentos plant-based é a área mais conhecida e que tem recebido o maior volume de investimentos. Empresas que produzem alternativas à carne, laticínios e ovos estão na vanguarda dessa revolução alimentar. Marcas como Impossible Foods e Beyond Meat já alcançaram ampla aceitação do público, oferecendo produtos inovadores e saborosos que competem diretamente com suas versões tradicionais.
2. Tecnologia e inovação alimentar
O avanço da biotecnologia tem permitido o desenvolvimento de novos produtos, como a carne cultivada em laboratório, que pode ser uma grande área de crescimento nos próximos anos. Startups que exploram o potencial da biologia celular e da fermentação para criar alternativas mais saudáveis e sustentáveis têm atraído o interesse de grandes investidores.
3. Ingredientes e insumos
Outra área promissora é a produção de ingredientes e insumos usados na fabricação de alimentos plant-based, como proteínas vegetais, óleos e outros compostos. Empresas que conseguem criar ingredientes de alta qualidade e com propriedades funcionais que melhoram o sabor, a textura e o valor nutricional dos alimentos plant-based também estão no radar dos investidores.
Investidores de destaque e casos de sucesso
O crescente interesse dos investidores pelo mercado plant-based pode ser visto em exemplos como o fundo de investimentos de Bill Gates, que tem apostado em empresas como Impossible Foods, uma das líderes do setor de alternativas à carne. Além disso, grandes empresas alimentícias, como Nestlé e Unilever, também estão investindo em produtos plant-based, ampliando seus portfólios para atender à demanda crescente.
Outras empresas que se destacam são a Beyond Meat, que realizou um dos IPOs mais bem-sucedidos da história recente, e a Oatly, fabricante de bebidas à base de aveia, que também conquistou uma avaliação de mercado bilionária após sua entrada na bolsa de valores.
Perspectivas de crescimento
As previsões para o mercado plant-based são altamente otimistas. Estimativas sugerem que o setor pode atingir um valor global de mais de 162 bilhões de dólares até 2030. Esse crescimento será impulsionado pela inovação contínua, pelo aumento da conscientização dos consumidores sobre os benefícios de uma dieta plant-based e pela crescente aceitação de produtos alternativos por parte do público em geral.
Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias, como a carne cultivada em laboratório e a fermentação de precisão, promete abrir novas fronteiras para o setor.
Conclusão
Os investimentos no mercado plant-based têm sido um motor fundamental para o desenvolvimento e expansão da indústria. Com a demanda por alternativas sustentáveis e saudáveis em alta, o setor continuará a atrair capital e inovação, oferecendo oportunidades promissoras para investidores e contribuindo para a transformação da indústria alimentícia global. A revolução plant-based está apenas começando, e seus impactos no meio ambiente, na saúde humana e na economia serão profundos nos próximos anos.
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