Embora várias indústrias e serviços tenham sofrido bastante durante a pandemia global do COVID-19, o mercado de entrega de alimentos veganos está em alta.
Estudos indicam que a preocupação com a saúde é o fator principal para a busca por uma alimentação à base de plantas. Soma-se a isso o advento de uma pandemia e pronto: o cenário ideal para uma revolução no varejo de alimentos se instala.
Tudo começou em Hong Kong
O boom das plataformas de entrega pós-pandemia começou com a Deliveroo Hong Kong, que recentemente revelou algumas estatísticas sobre os hábitos gastronômicos de seus clientes durante esse período. Uma dessas revelações é sobre a popularidade das opções veganas, que aumentou consideravelmente.
De acordo com o último estudo da plataforma, no início de maio, o número de pedidos por alimentos veganos registrou um crescimento anual de 104%. A crescente demanda por refeições veganas levou a Deliveroo Hong Kong a expandir suas opções de alimentos saudáveis e sustentáveis. Ainda, foi necessário formar parcerias com mais restaurantes veganos em toda a cidade, a fim de oferecer uma variedade maior de pratos à base de plantas.
Tudo indica que este é o melhor momento para uma alimentação saudável em Hong Kong. Mas não para por aí, pois a realidade dos últimos meses também impulsionou mudanças na Europa.
Europa também sentiu o impacto
Apesar de ainda não tenham estudos publicados sobre o perfil gastronômico dos clientes, os europeus estão pedindo comida online como nunca. No Reino Unido, o supermercado online Ocado fechou para novos pedidos em meados de março. A startup de entrega de caixas de vegetais com sede em Londres, Oddbox, também obteve um impressionante aumento da demanda. Enquanto isso, o serviço de entrega de kits de refeições Gousto registrou um aumento de 70% nas vendas no primeiro trimestre deste ano.
Assim, enquanto muitos restaurantes permanecem fechados, dezenas de empresas de alimentos veganos encontram nos serviços de entrega maneiras de surfar essa onda. A Choco, uma plataforma para restaurantes e fornecedores com base em Berlim, lançou um negócio direto ao consumidor para dar às pessoas em casa acesso a produtos por atacado. A Wolt, uma plataforma finlandesa de entrega de alimentos, lançou um supermercado on-line. E a Glovo, pioneira na entrega de pequenos supermercados, assinou com vários novos parceiros de supermercados no mês passado.
Veio a digitalização de supermercados
A crise também tem impulsionado a digitalização de supermercados, marcando uma mudança radical nas formas como a sociedade exerce seu poder de compra.
Compras de supermercados online ainda não faziam parte da rotina da maioria dos consumidores. Mas, nas últimas semanas, a Glovo, que administra vários de seus próprios supermercados na Espanha, além de fazer parceria com outros supermercados, viu os pedidos dispararem 300% em seu país de origem.
A tendência é a mesma em toda a Europa. O Uber Eats anunciou que o número de supermercados e lojas de conveniência que se inscreveram em seu aplicativo no mês de março foi o dobro do habitual. Os pedidos de clientes para produtos de mercearia e conveniência aumentaram 59% na Europa no mesmo mês.
Além disso, o Uber Eats entrou em operação com novas parcerias e expandiu as já existentes. Na França, está entregando em 50 lojas Carrefour, na Espanha, é entregue em 25 lojas Gap em 15 cidades; e no Reino Unido, está trabalhando com mais de 700 lojas de conveniência.
Um marco na entrega de alimentos veganos
A entrega de refeições veganas prontas também cresceu. A Allplants, uma startup de entrega de alimentos veganos congelados no Reino Unido, registrou um aumento de 400% nos clientes em março, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Desse modo, a frequência dos pedidos também subiu, de uma por mês para uma por semana.
Para lidar com a demanda adicional, muitas dessas empresas estão contratando – enquanto a maioria das outras empresas do setor de alimentos e hospitalidade está demitindo funcionários. Gousto está contratando para mais de 100 novas funções em sua fábrica, enquanto a Allplants também contratou mais chefs e desativou temporariamente o marketing para “conter a demanda”.
O Brasil também se adaptou
As plataformas de delivery no Brasil não mencionam números específicos sobre alimentos veganos, mas indicam que houve um aumento significativo da rede de clientes. Para além destes, há ainda os pedidos feitos por WhatsApp, que se popularizaram nos últimos meses.
De acordo com um levantamento da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, compras online de alimentos e bebidas cresceram 79% e a frequência dos pedidos teve aumento em 50% após o início do isolamento social. Para este estudo, a amostra foi constituída de mil pessoas em todo o país.
Similarmente, dados da Compre e Confie mostram que apenas nos primeiros 15 dias do mês de março a alta das vendas totais foi de 40%. Do mesmo modo, segundo a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre o comércio móvel, 72% dos internautas brasileiros com smartphone já pediu uma refeição por aplicativos ou sites móveis, um crescimento de 14 pontos percentuais para os últimos 12 meses. O iFood mantém a liderança absoluta, sendo o preferido por 70% das pessoas que já usaram esse serviço.
Enfim, a mudança imposta por um período de ruas vazias parece ter chegado para aquecer o mercado de entrega de alimentos veganos.
Veja as previsões para o mercado de alimentos veganos até 2025 e as tendências em proteínas veganas.