A Brevel, startup israelense especializada em fermentação de biomassa utilizando proteína de microalga para criar ingredientes sustentáveis, anunciou a inauguração de sua primeira planta comercial.

Em julho passado, a empresa captou US$ 18.5 milhões em investimento liderado pela NevaTeam Partners e apoiado pelo Fundo EIC da União Europeia, facilitando a atual fase de produção em escala comercial e expansão global.

Localizada na periferia do deserto de Israel, a nova instalação cobre 2.500m² e inclui a sede, um grande centro de P&D e uma área de fabricação comercial. A planta conta com múltiplos biorreatores de diferentes capacidades: 3, 50, 500 litros, e o primeiro biorreator de 5.000 litros da empresa.

Na nova instalação, a Brevel pode produzir centenas de toneladas de seu principal ingrediente — um concentrado de proteína de microalga com 60-70% de proteína, destinado a alternativas de carne e laticínios. Os primeiros produtos devem ser lançados no primeiro trimestre de 2025.

“Embora comecemos com um biorreator de 5.000 litros, poderemos aumentar a capacidade total para até 30.000 litros na instalação atual”, disse Yonatan Golan, CEO e cofundador, à Cultivated X.

Um pó de proteína clean-label

Fundada em 2016 pelos irmãos Yonatan (CEO), Matan (COO) e Ido (CTO) Golan, a Brevel desenvolveu um processo de fermentação de biomassa que utiliza açúcar, uma cepa de microalga da família chlorella e luz para produzir proteínas funcionais e outros coprodutos, como óleo e fibras, de maneira econômica.

“A cepa de microalga que usamos tem aprovação GRAS e não é considerada ‘Novo Alimento’ pela EFSA. No entanto, a proteína extraída precisa passar por aprovação regulatória — um processo no qual já estamos totalmente engajados”, explicou Yonatan.

O ingrediente resultante, não transgênico, oferece um perfil completo de aminoácidos, enquanto seu sabor e cor neutros permitem diversas aplicações em alimentos e bebidas. Para alcançar um sabor e cor neutros, a Brevel desenvolveu um processo único ajustado à fase de crescimento, resultando em um produto proteico muito limpo e branco.

Além disso, a proteína de microalga pode substituir outras proteínas vegetais como soja e ervilha, oferecendo vantagens sobre esses ingredientes clássicos: exige menos agentes de mascaramento de sabor e pode substituir espessantes, gelificantes e outros aditivos em queijos vegetais.

“Nós cultivamos microalgas naturais da mesma forma que crescem na natureza. Em seguida, extraímos as proteínas altamente nutritivas e funcionais, nativas das microalgas”, acrescentou.

Colaborações para lançamentos de produtos

A empresa planeja colaborar com parceiros para lançar produtos contendo a proteína da Brevel a partir do início de 2025. Além disso, está desenvolvendo outros produtos, utilizando coprodutos como lipídios, proteínas insolúveis, fibras e pigmentos para a indústria de suplementos alimentares, que serão introduzidos à medida que a pesquisa e desenvolvimento progredirem.

Em 2022, a Brevel se associou à VGarden, fabricante de alimentos veganos, para desenvolver um queijo vegetal rico em proteínas. Após obter aprovação regulatória, o produto será lançado primeiro em mercados globais e depois em Israel.

“Temos várias parcerias de joint venture estrategizadas nos EUA, Europa e Ásia. O resultado será a construção de instalações maiores para atender à crescente demanda por nossa proteína sustentável em múltiplas aplicações”, compartilhou Yonatan.

Apenas o começo

O evento de inauguração reuniu mais de 150 participantes, incluindo investidores, startups de tecnologia alimentar, representantes do governo e fabricantes de alimentos. A Brevel ofereceu visitas guiadas à nova instalação de última geração, e os visitantes puderam degustar vários queijos vegetais para demonstrar as capacidades da proteína de microalga em fornecer valor nutricional sem comprometer o sabor ou a aparência.

O CTO Ido Golan comentou: “Esta nova instalação é apenas o começo para a Brevel. Vamos contribuir vitalmente para construir uma cadeia de valor alimentar segura e resiliente, que nutrirá as futuras gerações com uma nova linha de fornecimento de proteína acessível e altamente nutritiva.”

Confira a matéria publicada na vegconomist.

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