Pela primeira vez, o Guia do Codex Alimentarius Turco para Rotulagem de Alimentos e Informações ao Consumidor estabeleceu regulamentações específicas para a rotulagem, produção e comercialização de produtos veganos e vegetarianos.
Regras e proibições
Termos como “leite” para bebidas plant-based estão proibidos, assim como nomes tradicionais ou geográficos associados a produtos de origem animal, para evitar embalagens enganosas e alegações fraudulentas.
No entanto, há avanços importantes: expressões como “hambúrguer vegano”, “salsicha vegana” e “hambúrguer vegetariano” agora são permitidas nos rótulos de carnes vegetais. Além disso, a produção, exportação e importação de queijos veganos são autorizadas, desde que atendam a condições específicas de rotulagem.
Em 2022, oMinistério da Agricultura e Florestas da Turquia havia proibido a produção e venda de produtos veganos que imitassem queijos lácteos, alegando que violavam os padrões para queijo, mesmo sem usarem o termo “queijo” em suas marcas. Até mesmo embalagens a vácuo semelhantes às de queijos tradicionais foram consideradas enganosas.
Segundo Medusa Asli, gerente de Projetos e Comunicação da Associação Vegana da Turquia (TVD), “Embora a nova regulamentação tenha prós e contras, o reconhecimento oficial é um avanço significativo para o mercado vegano e vegetariano e reflete seu crescimento no país.”
Principais regras
Entre as novas diretrizes, destacam-se:
- Produtos veganos e vegetarianos não devem ser comercializados como substitutos diretos de alimentos de origem animal nem evocar tais produtos em seus nomes ou imagens.
- Termos como “plant-based”, “vegano” ou “vegetariano” podem ser usados junto com denominações comuns, como hambúrguer ou salsicha, acompanhados de imagens adequadas.
- Bebidas vegetais, exceto leite de coco, não podem incluir termos associados a laticínios, como “leite”. Exemplos como “bebida de amêndoas” são obrigatórios, mas é permitido o uso de “sem lactose”.
- Produtos não podem usar indicações geográficas ou nomes tradicionais relacionados a ingredientes de origem animal.
- Menus de restaurantes e materiais de divulgação, como brochuras ou displays digitais, devem identificar opções vegetarianas e veganas com expressões como “adequado para veganos/vegetarianos”.
- Descrições como “sabor de frango” ou “com gosto de manteiga” são proibidas, mas expressões como “biscoito vegano sabor queijo” são permitidas.
- Rótulos em outros idiomas devem seguir essas diretrizes.
Os fabricantes têm até 31 de dezembro de 2026 para se adequar às novas regras.
Mercado vegano na Turquia
De acordo com a Statista, o setor de carnes vegetais na Turquia deve gerar US$ 37,23 milhões em 2024, com um crescimento anual estimado de 20,75% entre 2024 e 2029. A TVD afirma que, em 2002, havia cerca de 100 mil veganos no país. Já Cihan Baltepe, fundador da empresa de carnes vegetais Eat Vappy, destaca que os dados de vendas indicam um crescimento contínuo da categoria.
A Veggy, pioneira na produção de carnes vegetais na Turquia, lançou recentemente a linha Veggy Kids. Seus produtos estão disponíveis em redes de varejo nacionais, plataformas de e-commerce, cadeias globais de hotéis, lanchonetes, escolas, hospitais, companhias aéreas e lares de idosos, evidenciando a demanda crescente.
Ebru Ariman, presidente fundadora da TVD e chefe da V-Label Turkey, reconhece que o regulamento é um marco: “É um passo inicial importante no país, mas suas limitações também precisam ser reconhecidas.”
Ela destacou ainda os desafios enfrentados pelos produtores: “A impossibilidade de usar o termo ‘leite vegetal’ e a necessidade de dissociar alternativas de iogurte ou queijo dessa percepção são exaustivas tanto para produtores quanto para consumidores.”
Confira a matéria publicada no vegconomist.
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