A impressão 3D já vem fazendo sucesso há algum tempo, mas o bioengenheiro italiano  Giuseppe Scionti se superou e trouxe uma grande inovação para o veganismo. Com a sua startup espanhola, a NovaMeat, ele inventou o primeiro bife vegano impresso em 3D.

Isso nos faz refletir um pouco mais a fundo sobre qual será o futuro da nossa alimentação. Será que num futuro próximo nossas cozinhas terão junto a geladeira, o fogão e o microondas, uma impressora 3D? Disso ainda não sabemos, mas uma coisa é clara: a tecnologia continua trazendo alternativas à carne animal.

Giuseppe fundou a NovaMeat com objetivo de inovar a forma como consumimos a carne. A partir dessa ideia, foi lançando seu alimento em 3D em novembro de 2018 como forma de criar também como uma alternativa mais sustentável e nutritiva as carnes animais. Uma das grandes diferenças do bioengenheiro foi buscar o que o mercado ainda não estava criando.

Até então, durante suas pesquisas, Scionti descobriu que a maior parte das alternativas vegetais as carnes animais se limitavam a hambúrgueres, nuggets ou almôndegas. Além disso, essas opções não tinham textura fibrosa de carne ou de frango.

A partir disso, Scionti usou a engenharia de tecidos e bioimpressão e criou um produto vegano com a mesma consistência, aparência e propriedades nutricionais que os produtos de origem animal.

A produção do alimento se dá a partir de proteínas vegetais. O bife vegano imita exatamente a textura da carne animal bovina. Após o sucesso em sua produção, o bioengenheiro deseja desenvolver um peito de frango vegano da mesma forma.

Por enquanto, tanto o bife vegano em 3D quanto o peito de frango a base de plantas estão em testes iniciais. Dentre os ingredientes à base de plantas temos arroz, ervilhas e algas combinados com uma pasta de comida que é impressa em 3D para formar uma substância crua, bem semelhante ao bife bovino.  

Uma das grandes vantagens do projeto de Giuseppe Scionti está no tempo e no custo de produção. Embora existam diversas empresas trabalhando no cultivo de carne artificial a partir de células animais (o que é excelente para o mercado vegano e para a disseminação desse estilo de vida), esses métodos levam muito tempo para serem produzidos e atualmente são caros. Enquanto o método de Scionti com a impressão 3D cria um bife de 100 gramas em 30 minutos, e isso com um custo de pouco menos de US$ 3.

O bife vegano em 3D ainda não está perfeito. Segundo Scionti, ele está trabalhando em parceria com alguns chefs de culinária para resolver um problema bastante importante do seu produto: o sabor de carne animal.

Uma alternativa sustentável

A produção de carne bovina é responsável por 14,5% do total atual de emissões de gases do efeito estufa produzidas pelo homem.

Segundo, Scionti “Os últimos relatórios da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) mostram que a atual criação de gado em larga escala não é mais sustentável globalmente (…) Por exemplo, para obter a mesma quantidade de calorias dos alimentos, a pecuária requer 70 vezes mais solo do que o necessário para cultivar frutas e verduras (…) Além disso, o gado usa cerca de 30% da terra arável global e mais de 25% da água doce do mundo”.

Uma preocupação para o bioengenheiro é que “Se continuarmos com o sistema atual, no futuro haverá pouca chance de ter recursos para distribuir alimentos para todos. (…) É por essas razões que encontrar outra maneira de produzir alimentos saudáveis ​​e econômicos, que contenham todos os nutrientes fundamentais nos ajudará a administrar melhor os recursos alimentares do nosso planeta”.

NovaMeat não é a única preocupada com carnes animais

A NovaMeat não é a única empresa investindo nesse tipo de alimento. Ultimamente diversas startups estão revolucionando a maneira como comemos carne.

Por exemplo, pensando no futuro, a Alemanha já investiu US$ 780 mil nas texturas de carnes veganas. Assim como o Canadá, que investiu US$ 153 milhões na Protein Industries Canada, uma empresa sem fins lucrativos, de instituições de pequeno a grande porte envolvidas na fabricação de alimentos, agricultura e serviços relacionados a alimentos, pesquisa e desenvolvimento e tecnologia.

E não são apenas carnes animais, hoje em dia podemos encontrar diversas tecnologias estudando melhores formas de produzir queijos veganos, leites vegetais, e até alternativas a base de plantas para os ovos.

Podemos esperar bons resultados desse projeto. Isso é uma ótima forma de mostrarmos o sabor de novos alimentos e das novas alternativas aos não veganos. Já sabemos que a carne animal causa diversos perigos para o meio ambiente e para nossa saúde, porém ainda temos a dificuldade de responder às afirmações “o gosto da carne é muito bom”. Conforme as empresas e a tecnologia se voltam para essas questões, mais próximos estamos de levar o veganismo para todos.

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Por Lari Chinaglia em 8 de janeiro
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