Nos últimos anos, o flexitarianismo, dieta que combina alimentação predominantemente vegetariana com ocasional consumo de carne, tem ganhado destaque mundial. Esse movimento reflete mudanças nos hábitos alimentares e tem impactado significativamente o mercado de produtos plant-based.
Crescimento do flexitarianismo
O flexitarianismo surge como uma resposta à busca por hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis. De acordo com um estudo realizado no Brasil, 33% dos consumidores já reduziu o consumo de carne nos últimos anos, evidenciando uma tendência global de diminuição do consumo de produtos de origem animal.
Além disso, a pesquisa aponta que 25% dos brasileiros se consideram flexitarianos, evidenciando a adoção desse estilo de vida no país. A motivação para essa redução no consumo de carne está associada a preocupações com saúde, sustentabilidade ambiental e bem-estar animal.
Influência no mercado plant-based
O aumento do flexitarianismo tem impulsionado o mercado de produtos plant-based, que oferecem alternativas à carne e a outros produtos de origem animal. Globalmente, o mercado de substitutos de carne representava cerca de 11% do mercado mundial de carne e substitutos em 2020.
Na América do Norte, o setor de carnes vegetais cresceu 37% entre 2017 e 2018. Em 2018-2019, as vendas de carnes vegetais nos Estados Unidos totalizaram US$ 895 milhões, com projeções indicando que o mercado global de alternativas à carne alcance US$ 140 bilhões até 2029.
No Brasil, empresas como a Fazenda do Futuro têm se destacado no mercado de substitutos de carne desde 2019, oferecendo produtos que buscam replicar o sabor e a textura da carne convencional. Essas iniciativas atendem à demanda crescente por alternativas plant-based e refletem a adaptação do mercado local às tendências globais.
Motivações para a adoção do flexitarianismo
Diversos fatores contribuem para a adoção do flexitarianismo. A preocupação com a saúde é um dos principais motivadores, com consumidores buscando reduzir o consumo de gorduras saturadas e colesterol presentes na carne vermelha. Além disso, a sustentabilidade ambiental desempenha um papel crucial, já que a produção de carne é responsável por significativas emissões de gases de efeito estufa e uso intensivo de recursos naturais.
O bem-estar animal também é uma consideração importante, com muitos consumidores optando por reduzir o consumo de carne devido a preocupações éticas relacionadas à criação e abate de animais. Crenças culturais e religiosas também influenciam essa escolha, com práticas que incentivam a redução ou eliminação do consumo de produtos de origem animal.
Impactos ambientais e de saúde
A adoção de dietas plant-based tem implicações significativas para o meio ambiente. Estudos indicam que substituir metade do consumo global de carne e laticínios por alternativas plant-based poderia reduzir o uso de terra agrícola em quase um terço, interromper o desmatamento para agricultura e diminuir as emissões de gases de efeito estufa em 31% até 2050.
Do ponto de vista da saúde, substituir carnes vermelhas e processadas por alternativas vegetais pode levar a melhorias na qualidade de vida e reduções significativas nos custos do sistema de saúde. Uma revisão de 2023 concluiu que essa substituição resultou em anos de vida ajustados pela qualidade aumentados e diminuição das emissões de gases de efeito estufa.
Desafios e oportunidades
Apesar do crescimento do mercado plant-based, existem desafios a serem enfrentados. A crítica de que alguns produtos são ultraprocessados e contêm altos níveis de sódio é uma preocupação levantada por nutricionistas e empresas do setor alimentício. Por exemplo, o Chipotle optou por não vender alternativas de carne devido à sua natureza altamente processada.
No entanto, esses desafios também representam oportunidades para a indústria. Há um espaço significativo para o desenvolvimento de produtos plant-based mais saudáveis, com perfis nutricionais equilibrados e ingredientes naturais. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento podem levar à criação de alternativas mais próximas do sabor e da textura da carne, atendendo às expectativas dos consumidores flexitarianos.
O papel das redes de distribuição
As redes de distribuição desempenham um papel crucial na expansão do mercado plant-based. A presença de produtos plant-based em supermercados, restaurantes e padarias facilita o acesso dos consumidores a essas alternativas. Além disso, a disponibilidade em escolas e instituições de ensino reflete a adaptação do mercado às demandas de uma população cada vez mais consciente sobre questões ambientais e de saúde.
Perspectivas futuras
O futuro do flexitarianismo e do mercado plant-based é promissor. Espera-se que a diversificação de produtos e a melhoria na qualidade nutricional atendam à demanda crescente por alternativas plant-based. Além disso, a educação nutricional e campanhas de conscientização podem aumentar a adoção de dietas flexitarianas, contribuindo para um sistema alimentar mais sustentável e saudável.
Em síntese, o flexitarianismo representa uma mudança significativa nos padrões alimentares globais, influenciando diretamente o mercado de produtos plant-based. Essa tendência reflete preocupações com saúde, sustentabilidade e bem-estar animal, moldando o futuro da alimentação no século XXI.
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