Guilherme Abomai está quebrando barreiras no fisiculturismo ao se tornar o primeiro atleta vegano do mundo a conquistar um pro card, no Mr. Olympia Brasil. Com uma trajetória marcada pela superação e um compromisso inabalável com o veganismo, ele não apenas se destaca em competições, mas também desafia os estereótipos e preconceitos relacionados à alimentação vegana no esporte. Neste artigo, vamos explorar sua motivação para adotar uma dieta vegana, os desafios que enfrentou, e como sua jornada está mudando a percepção sobre o fisiculturismo e a alimentação plant-based.

Motivação para o veganismo

Guilherme descobriu o veganismo durante a pandemia, em 2021. Antes disso, ele competia em campeonatos e conquistou títulos importantes em nível estadual e nacional. No entanto, ao longo de sua carreira, enfrentou problemas de digestão devido a uma dieta monótona e pouco equilibrada, que consistia principalmente em ovos, whey, carnes, frango e arroz, mantida por mais de 10 anos.

“Na pandemia, com problemas de refluxo, má digestão e distensão abdominal, comecei a fazer ajustes na dieta, adotando refeições mais vegetais e ricas em fibra. E deu certo. Minha saúde começou a se reestabelecer, mas sentia que os alimentos de origem animal ainda atrapalhavam”, explica Guilherme.

Foi nesse processo de descoberta que ele se identificou com o veganismo e percebeu que não concordava com a exploração animal promovida pela indústria. “A partir daí, tive que tomar uma decisão: seguir como atleta vegano ou mudar de esporte. Sem referências no fisiculturismo, comecei a testar minha dieta por conta própria, já que sou nutricionista.”

Desafios e mitos

Guilherme compartilha que um dos maiores desafios que enfrentou ao seguir uma dieta vegana no fisiculturismo foi a desinformação. “É muito comum ouvir profissionais de saúde afirmando que o consumo de carne é fundamental. Mas não é verdade. Todas as plantas contêm proteína, e uma dieta vegana equilibrada pode oferecer mais benefícios do que uma dieta onívora.”

Ele ressalta que a principal barreira do veganismo no esporte é o preconceito, que frequentemente associa a dieta vegana à fraqueza e desnutrição. “Carregamos vários estereótipos, como o de sermos desnutridos ou fracos. Com o meu trabalho, quero mostrar que a alimentação vegetal é benéfica para o corpo, sustentável para o meio ambiente e evita o sofrimento animal”, afirma.

Nutrição e suplementação

Para garantir que sua dieta atenda às necessidades nutricionais, Guilherme faz uma abordagem diversificada. “Fora da época de competição, costumo variar bastante meu cardápio. Exploro diferentes tipos de arroz, feijões, folhas, legumes e leguminosas. Durante a preparação, quando a dieta fica mais restrita, utilizo alimentos-chave como tofu, leite vegetal, Carnevale (um novo alimento à base de feijão e soja), levedura nutricional e proteína vegetal em pó.”

Em relação à suplementação, ele utiliza a proteína vegetal em pó e a vitamina B12, além de outras fórmulas voltadas para performance que ele manda manipular em farmácias, sempre solicitando cápsulas veganas. “O meu consumo de suplementos é alto”, revela.

Resultados e performance

Guilherme percebeu uma melhora significativa em seu desempenho e saúde desde que adotou a dieta vegana. “O físico fala por si. Melhorei muito a qualidade da pele, volume muscular e definição. Atribuo isso à alta qualidade da dieta. Meu sono e disposição também são melhores, e os exames comprovam que minha saúde está na sua melhor fase.”

Ele enfatiza que a qualidade dos alimentos vegetais tem contribuído para sua performance nas competições e sua recuperação após os treinos. “Os resultados falam por si. Minha experiência mostra que uma dieta à base de plantas pode, sim, ser eficaz para atletas.”

Reações do público

Desde que tomou a decisão de se tornar vegano, Guilherme enfrentou uma mistura de críticas e apoio. “No começo, as críticas eram muitas. Escutei várias vezes que minha carreira estava afundando por causa da decisão de ser vegano. Contudo, os resultados têm provado o contrário, e as pessoas passaram a respeitar mais. As piadas, no entanto, são constantes.”

Ele acredita que a paciência é uma virtude necessária para lidar com os estereótipos que cercam o veganismo. “Acredito que todo vegano deve ter paciência como superpoder. Isso não me afeta. Por outro lado, percebo que muitos veganos também não entendem muito sobre bodybuilding, e acabo recebendo críticas relacionadas ao estilo de vida. Porém, fico feliz em transitar entre os dois públicos e esclarecer informações distorcidas.”

Guilherme vê seu papel no fisiculturismo como uma oportunidade de falar sobre veganismo para um público que frequentemente superestima a proteína animal. “Isso incomoda muitas pessoas. Mas acredito em uma nova era para o esporte”, conclui.

Dicas para iniciantes

Para aqueles que estão começando no fisiculturismo e desejam seguir uma dieta vegana, Guilherme tem alguns conselhos práticos: “Treine pesado! Vejo muitos veganos querendo ficar fortes para provar a qualidade da dieta vegetal, mas não se esforçam o suficiente na academia. Para ficar forte, é preciso gostar de treinar. Leva tempo e esforço, e muitos desistem achando que a dieta é a falha.”

Ele recomenda que iniciantes sejam pacientes e consistentes, ressaltando a importância de um planejamento alimentar bem elaborado. “Não existe uma solução mágica. O sucesso no fisiculturismo requer dedicação e compromisso com o treino e a dieta.”

O futuro de Guilherme Abomai

O próximo passo na carreira de Guilherme é estrear na liga profissional, onde pretende competir contra os maiores atletas do mundo. Ele está ansioso para mostrar que é possível ser um fisiculturista de alto nível seguindo uma dieta vegana. “Quero convidar empresas a participar dessa grande revolução no esporte. A mudança está acontecendo, e estou empolgado para fazer parte dela”, afirma.

Guilherme Abomai está desafiando normas e preconceitos no fisiculturismo com sua jornada vegana. Ao se tornar o primeiro atleta vegano a conquistar um pro card, ele não apenas prova que é possível alcançar grandes resultados com uma dieta plant-based, mas também abre portas para uma nova geração de atletas que desejam seguir o mesmo caminho. Sua história é uma inspiração e um chamado à ação para aqueles que acreditam que a alimentação e o esporte podem ser aliados na busca por um mundo mais saudável e sustentável.

Foto por Márcio Balthazar.

Canal do Guilherme Abomai no YouTube.

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