Se você forçar sua mente por um momento, quais os primeiros fast-foods que vêm? Pense também naqueles de bairro, pouco conhecido, mas com uma comida saborosa. Conseguiu? Agora quero te propor um exercício mais difícil, o que tem no cardápio deles? Se você levasse um amigo vegano para comer lá com você, ele teria o que comer?

Se você é vegano já sabe da dificuldade de encontrar boas opções (ou só opções mesmo) do que comer nos fast-food. O que talvez você não saiba, e a maior parte das pessoas, é que os restaurantes de fast-food estão perdendo uma oportunidade de cerca de 50 bilhões de reais.

Um estudo feito pela Plant Based Foods Association em setembro de 2016 mostrou que a indústria de alimentos a base de plantas gera mais de 13 bilhões de dólares ao longo do ano para a economia dos Estados Unidos. Esses dados tendem a crescer ainda mais!

O que os dados falam para a gente?

Existem dados incríveis que mostram o crescimento do veganismo, tais como:

40% dos americanos estão tentando incluir uma alimentação vegana na dieta. Muitos consumidores escolhem tirar as carnes dos pratos pensando nos benefícios positivos que essa mudança traz a saúde, valor nutricional superior, sustentabilidade e a necessidade de evitar o consumo de carne nos tempos de hoje.

E se você acha que essa realidade se aplica apenas nos Estados Unidos, você está bastante enganado. Segundo uma pesquisa feito pelo IBOPE em abril de 2018, 14% brasileira da população se declara vegetariana, sendo que nas regiões metropolitanas como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba esse número pode chegar a 16%. Esses dados mostram um crescimento de 75% em comparação com 2012.

Segundo o ponto de vista da Mariana Falcão, presidente da Mr. Veggy (marca de congelados vegetarianos), “o mercado brasileiro chegou em um momento onde pessoas que nunca ouviram falar já sabem o que é o veganismo. Hoje não é moda. É uma tendência”.

Além desses dados, 58% dos adultos já preferem escolher entre leites vegetais (soja, castanha, coco, amêndoas, aveia, entre outras infinidades) a leite de vaca. E essa é uma decisão bastante sábia, afinal você tem ideia de quantas pessoas são intolerantes a lactose? Segundo o Datafolha, só no Brasil 70% da população é intolerante, e a maioria das vezes nem sabe.

Com tantas pessoas escolhendo uma alimentação planted-based, o Google registrou um aumento de 90% nas pesquisas sobre veganismo. Sendo a principal fonte de pesquisa das pessoas, caso ainda existam dúvidas sobre o crescimento do vegetarianismo, com esses dados do Google conseguimos ver que o interesse em conhecer sobre esse estilo de vida realmente (e felizmente) aumentou muito.

O que as empresas têm feito?

Com todos esses dados em mãos, algumas empresas já estão correndo atrás de implementarem em seus cardápios opções vegetarianas. Recentemente aqui no Brasil, o MC Donalds percebeu essa necessidade e trouxe a opção do McVeggie, que substituem a carne de animal por queijo coalho empanado. Embora ainda não seja uma opção para todos por ser um lanche lacto-vegetariano, ele já reflete a necessidade do seu público.

Além disso, aos poucos restaurantes de fast-food menores estão se adaptando ao veganismo, e se torna cada vez menos difícil encontrar opções veganas no cardápio. No Rio de Janeiro, por exemplo, chegou o primeiro restaurante vegetariano do mundo, o Hareburger.

Para os vegetarianos que moram em São Paulo, a alimentação livre de crueldade animal é um pouco mais fácil. Não é tão difícil encontrar opções vegetarianas em hamburguerias, afinal quem não gosta de marcar um encontro com os amigos em uma hamburgueria para colocar o assunto em dia? E deixar o amigo vegano de lado (ou com fome, coitado) não seria nada justo. Os donos desses restaurantes sabem muito bem disso.

Quando ainda não tínhamos opções veggies em nosso cardápio muitos clientes perguntavam, ao acrescentarmos, pudemos ver o sucesso que faz. É claro que a demanda é muito menor do que os hambúrgueres tradicionais de carne, mas vemos que é uma tendência que está aumentando”. Essa fala é de uma das pessoas que notaram essa necessidade de atender o público vegano, o Alexandre Gatos, sócio-fundador do Basic Burger (hamburgueria de São Paulo)

Quem está atento a essa mudança positiva, está vendo seu faturamento aumento constantemente.

Um exemplo disso é o empresário Ricardo Campos, dono do e-commerce de produtos veganos VegaSite. No primeiro semestre de 2017, o Ricardo viu suas vendas simplesmente dobrarem (sonho de todo empreendedor, não acha?). “O número de entregas cresceu proporcionalmente às vendas e agora temos três transportadoras que nos atendem. Sempre estamos negociando com novos fornecedores para ampliar a área de cobertura”, afirma.

Ainda assim, muitos restaurantes de fast-food precisam se adaptar. Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), o Brasil, em 2017, tinha cerca de 240 restaurantes com pratos sem ingredientes de origem animal, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). Esse número ainda é bastante baixo, e com o crescimento da população vegana, as empresas que não adaptarem seus cardápios, perderam público. E claro, perderam dinheiro.

E você? De qual lado vai ficar? De quem lucra com esse crescimento ou de quem perde?

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