Até que comecemos a realmente nos preocupar com tudo aquilo que comemos, com os hábitos alimentares que adotamos e com os processos de produção vinculados a esses hábitos, dificilmente paramos um segundo até ali para, de verdade, analisar o quanto, com que frequência e como causamos danos a nosso organismo

Assim, seguindo o que apregoa um grupo musical do qual gosto muito (Vanguart) na música “Demorou para Ser” que “enquanto eu tiver saúde, enquanto eu estiver de pé…”complemento eu, tudo será sempre possível, lutar, batalhar, construir, recriar, recomeçar e justamente lutar para ter essa saúde deve ser, então, nossa maior e grande meta, para justamente seguirmos adiante com todo o resto que sonhamos e queremos.

E nessa luta desarmada, de coração em mãos, o melhor trunfo, além do corpo simplesmente são e forte e da alma firme em propósitos leves e justos ligados à saúde, como as que trazem consigo as adeptas seriamente do veganismo, sem radicalismo, sem imposições, mas adotando um passo de cada vez, na conquista de seu próprio território íntimo mais saudável.

O pressuposto da alimentação vegana é o não consumo de nenhum tipo de carne ou produto derivado de animais, tais como leite, ovos, gelatina ou mel. A alimentação dos novos adeptos com o tempo vai se aprimorando, buscando sutilezas de acompanhamento nos processos de produção das marcas consumidas, a ponto de conhecer, por exemplo, que alguns fabricantes de vinhos usam espinhas de peixe ou proteínas animais como parte dessa fabricação.

Outro desafio para os veganos realmente engajados, além de conhecer a fundo como são, de fato, constituídos os alimentos e produtos que consomem, é como substituir a carne e produtos animais por alimentos compostos de nutrientes indispensáveis como vitamina D, cálcio, ferro, ômega-3 e proteínas. 

Uma boa orientação nutricional para criar hábitos alimentares saudáveis no começo da jornada é sempre uma boa dica, bem como dar preferência por boa soja e derivados, leites de arroz, amêndoas e outras fontes, sucos de laranjas e frutas em geral e cereais. Da mesma forma, é relevante o consumo de alimentos ricos em proteína vegetal, como leguminosas (feijões, grão-de-bico, lentilha, ervilha seca, fava e soja), cereais (quinoa, aveia e amaranto), além de oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas, pecãs, pistache, avelã e macadâmia), os quais também são componentes fundamentais para o equilíbrio da dieta. Destaque-se que é realmente imprescindível procurar manter em todas as refeições a presença dos carboidratos de boas fontes (aveia, frutas, arroz integral e milho). 

Já no caso específico de uma alimentação vegana para atletas, torna-se mais relevante ainda o acompanhamento de um nutricionista, especialmente para o caso dos atletas de alta performance, para os quais normalmente são indicados o consumo de substâncias fitoquímicas e antioxidantes, com vistas a reduzir os efeitos de radicais livres produzidos pelo aumento excessivo da respiração, sempre consumindo antes do treino e da competição carboidratos de boas fontes e depois ingerindo uma boa e equilibrada combinação de carboidratos, proteínas e antioxidantes provenientes de frutas, legumes e verduras.

Como, então, falar de hábitos alimentaresveganismo, de nutrição, de balanceamento alimentar é falar de melhor saúde, diversos estudos já foram realizados ao longo do mundo e universidades conhecidas com o intuito de comparar a qualidade da saúde de quem assume frontalmente o veganismo e de pessoas naturalmente onívoras. 

A conclusão de alguns estudos realizados na Europa foi a de que a alimentação vegana ajuda a diminuir a incidência de câncer (15% com a vegana e 8% com a vegetariana, sem porém aumentar expectativa de vida) e os problemas no coração.

No que tange à questão da expectativa de vida em si, porém, a avaliação deve ser direcionada também para outra vertente, para o quanto a população em geral tem se exercitado e não apenas uma pequena parcela ligada ao mundo fitness. 

Sobre isso, estudos elaborados pela Organização Mundial de Saúde – OMS indica que o brasileiro, de forma geral, se exercita menos do que deveria, revelando que 47% do país não pratica atividades físicas, sendo que, entre as mulheres, o índice cresce para uma média de 53,3%, enquanto entre os homens a média é de 40,4%. Quanto a esse tema, o Brasil se apresenta no grupo de países onde há maior ociosidade, superando nações como os Estados Unidos (40%) e o Reino Unido (36%).

Avaliemos, portanto, de maneira geral, que (i) com uma população vegana brasileira, apesar de crescente, de percentual tímido de 14%, (ii) com índice de fome de aproximadamente 5,2 milhões de pessoas em 2017 e retraindo discretamente, segundo a ONU e (iii) com 47% do país não praticando quaisquer atividades físicas e com grau de obesidade crescente, somos um país de contrastes, ou seja: um país de famintos ou desnutridos ou obesos ou altamente mal alimentados em qualidade, quadros antagônicos e incoerentes para a qualidade e quantidade de riquezas naturais que produzimos, vendemos e exportamos mundo a fora.

Especificamente sobre o grave quadro da fome no Brasil, a Organização das Nações Unidas – ONU, estimou aproximadamente 5,2 milhões de brasileiros passando fome em 2017, uma mudança não muito significativa acerca da realidade anterior de 2014 (5,1 milhões), o que nem próximo se comparado aos já altos 20,9 milhões de 1999 de, então, considerados desnutridos.

Em 2004, esse volume finalmente havia sido reduzido para 12,6 milhões e, em 2007, era de 7,4 milhões. Em termos percentuais, entretanto, a ONU aponta que a taxa continua estável e inferior a 2,5% desde 2008.

Um dos fatores relevantes, entretanto, conforme com outros estudos apresentados, tem relação com as mudanças climáticas, indicando que elas vêm acrescentando peso significativo à nova realidade da volta da fome no Brasil, da mesma forma como seu combate é o caminho para o crescimento do empreendedorismo nacional, para o sinal verde e aceitação da produção rural sustentável e o alastramento consciente do veganismo. O alerta é o de que caso o país não prossiga seriamente com a adoção de suas medidas climáticas, bem como se os diversos setores não se engajarem verdadeiramente, a problemática tende a aumentar e a produção agrícola brasileira poderá vir novamente a ser afetada como ocorreu no período entre 2011 e 2016.

Por fim, por um último olhar, mas não que esgote o tema completamente, é necessário começar a pensar na questão da mobilidade urbana, em novas formas de transporte viáveis e sustentáveis, onde as ciclovias, por exemplo, se tornam meios mais adequados e verdadeiras veias respiratórias nas estruturas das cidades. 

E por mais que países e cidades se desenvolvam a tal grau de automatização, aonde as atividades físicas venham a ser mais obrigatórias do que voluntárias, espera-se que sempre haverá nesses meios algum grau de movimento interativo possível, lembrando o exercício físico habitual, por mais que motorizados, porém exigindo um mínimo de melhor condicionamento que, por sua vez, ensejará alguma vontade de pensar um melhor hábito de vida, uma melhor alimentação, retroalimentando, assim, todo o ciclo de melhorias individual, local e nacionalmente.

Isso, assim, nos faz refletir que com todas essas peças encadeadas, é fundamental que sejam tratados, mais cuidadosamente, elementos de políticas públicas, de urbanismo, por exemplo, afetos à construção de parques, academias e calçadões, mobilidade urbana, como ciclovias, carros elétricos e VLTs, além de tão necessárias campanhas de conscientização de qualidade de vida da população acerca de possibilidades diversas de hábitos alimentares. 

Há de fato, muito a melhorar. Muito a querer, tentar, buscar e conseguir ser.

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Por Adriana Fernandes em 17 de dezembro
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