Surgiram diversas críticas relacionadas ao Green New Deal proposto recentemente. Segundo Sebastian Gorka, os defensores do acordo “querem tirar seus hambúrgueres… é com isso que Stalin sonhou, mas nunca conseguiu”. Bem, vamos deixar essa observação de Stalin de lado e vamos focar nos pontos realmente importantes.

Para falarmos de uma economia de baixo carbono, precisamos exigir uma grande redução na produção pecuária. E isso com certeza gera críticas e mexe com a alimentação de muita gente.

Primeiramente, o que é o New Green Deal?

A deputada Alexandria Ocasio-Cortez (D-NY) e o senador Ed Markey (D-MA) divulgaram no dia 07 de fevereiro de 2019 uma resolução da Câmara detalhando um plano abrangente para tornar os Estados Unidos neutros em carbono até 2030. O objetivo é que nesses pouco mais de 10 anos, o país melhore a eficiência e a sustentabilidade, as infra-estruturas e as empresas privadas, e crie “milhões” de empregos no processo.

Dentre as metas estabelecidas nesse projeto, um dos objetivos é “atualizar todos os edifícios existentes nos Estados Unidos e construir novos edifícios para alcançar a máxima eficiência energética”.

Outro ponto de atenção está na pecuária. Mais de 9 bilhões de animais terrestres são abatidos nos Estados Unidos por ano. Além de ser extremamente cruel para os animais, a agricultura industrial contribui com 14% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). As vacas representam 41% disso, e os Estados Unidos abrigam quase 100 milhões delas.

E esse ponto, já era de se imaginar que geraria algumas críticas, não é mesmo?

As críticas ao acordo

Com os dados comentados acima é fácil perceber que é muito necessário abandonar a agricultura industrial se quisermos reduzir nossa pegada de carbono. Porém a grande dificuldade está em mudar a mente das pessoas.

Embora o veganismo esteja virando uma tendência, ainda é uma tarefa complicada falar sobre o consumo de carne. Mais ainda fazer com que essas pessoas realmente passem a comer cada vez menos carne.

Pesquisas mostram que 95% dos americanos dizem se preocupar com o bem estar dos animais, e cerca de 50% querem que as fazendas industriais sejam abolidas. Mas esse número não é suficiente. Isso porque, os americanos continuam consumindo uma média de 220 quilos de carne ao ano. Esse hábito será um pouco mais difícil e demorado de mudar.

Como isso afeta nossa alimentação?

A pecuária e o consumo de carne geram diversos perigos para o meio ambiente. O desperdício de água, o desmatamento de florestas, as mudanças climáticas e até insuficiência de alimentos são alguns dos problemas causados pela produção de carne animal.

Para nós veganos, isso não traz grandes mudanças. Nós já sabemos que não é necessário que haja uma escolha entre o Green New Deal e o consumo de carne. A tecnologia está mostrando algumas soluções para o “problema” do hambúrguer e do Green New Deal. As respostas estão nas startups de “carne limpa” do Vale do Silício.

A categoria de carne vegana e leites vegetais têm mostrado crescimentos bastante representativos nos últimos anos. A Impossible Burger, por exemplo, deve crescer cerca de 5 bilhões de dólares até o final de 2020.

Além disso, diversos empresários já deixaram claro seu apoio ao veganismo. Empresas como a Motif, que busca produzir carne vegetal com preços mais acessíveis, já recebeu investimento de 90 milhões de dólares, e um dos responsáveis por isso foi Bill Gates.

Um dos maiores coworkings, WeWork, fez questão de investir no veganismo com 32 milhões de dólares na marca vegana Laird Superfood. Uma startup chilena também recebeu investimento de um grande nome: Jeff Bezos, presidente e CEO da Amazon. A NotCo conseguiu 30 milhões de dólares em investimento para desenvolver sua ideia de produtos a base de plantas.

Essas marcas desenvolvem produtos que são ótimas alternativas para quem quer começar a deixar a carne animal de lado e se tornar vegano. Além disso, em comparação com a carne convencional, a carne limpa gera 96% menos emissões de GEE, e usa 99% menos terra e até 96% menos água.

Embora possa gerar opiniões diferentes, o meio ambiente realmente merece nossa atenção. Não é por menos que a sustentabilidade está virando pauta em diversos lugares e se tornando até novos negócios. Precisamos repensar a maneira como estamos agindo e consumindo alimentos e produtos. Além dos animais, podemos falar de plástico e outros problemas.

Vamos esperar as novidades em torno do New Green Deal, certo?

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Por Lari Chinaglia em 28 de março
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