Que estamos vivenciando a era dos veganos não é segredo para ninguém. Com o relato da Global Data de um aumento de 600% nas pessoas que se identificam como veganas nos EUA, e o IBOPE apontando que 30 milhões de brasileiros se declaravam vegetarianos em 2018, tudo indica que as opções por uma vida vegana chegaram pra ficar.

De olho no futuro e com os pés no presente, parece que a tendência está se estendendo além das escolhas pessoais por um estilo de vida mais limpo e saudável, e chegando até a dieta de seus melhores amigos peludos.

Em primeiro lugar é importante salientar que dietas baseadas em plantas já estão bem estabelecidas para os seres humanos, pois como onívoros, somos capazes de viver com uma alimentação livre de carne, e os benefícios da redução no consumo de carne para o meio ambiente e o planeta já são suficientemente claros. 

Porém, as preocupações se estenderam à nutrição de animais de estimação, e estudos sobre as consequências da alimentação dos bichinhos para o meio ambiente resultam em um debate bem atual a respeito da comida vegana e do mercado vegano para pets.

Alimentos para pets têm um elevado impacto ambiental

Um estudo divulgado pela UCLA calculou que os alimentos à base de carne ingeridos por cães e gatos americanos geram o equivalente a 64 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, o que tem o mesmo espantoso impacto climático que dirigir de 13,6 milhões de carros em um ano.

Além disso, de acordo com o Professor Gregory Okin, referência em pesquisa na área, à medida que a quantidade de animais de estimação aumenta e seus donos exigem maior conteúdo de carne com qualidade, globalmente, também se elevam os impactos ambientais. 

Enquanto no Brasil ainda não há estudos publicados sobre o tema, nos Estados Unidos, o consumo de energia de cães e gatos domésticos já é reconhecido e equivale a aproximadamente um quinto do consumo de energia da população dos EUA, ao mesmo tempo, o consumo de produtos de carne apenas por cães e gatos é responsável por até 80 milhões de toneladas de metano e óxido nitroso.

Da mesma forma, dados de pesquisas desenvolvidas no Japão e na China encontraram impressionantes resultados com relação à pegada ecológica dos amigos pets, carinhosamente chamada de pegada ecológica de pata. O termo também utilizado para humanos (excluindo-se a pata) mede a quantidade de recursos naturais renováveis para manter um estilo de vida.

Como resultado, no Japão, onde existem mais de 20 milhões de cães e gatos, a pegada de um cão de tamanho médio equivale à de um humano japonês em um ano. Já na china, a pegada de um cão de tamanho médio que depende de ração seca comercial foi aproximadamente oito e três vezes maior do que o cão que depende de restos de comida humana. Supondo que mais de 27,4 milhões de cães e 58,1 milhões de gatos consumam ração seca comercial, suas pegadas ecológicas equivalem a de 5,1% a 17,8%  do povo chinês. 

Tudo isso porque a carne requer mais energia, terra e água para ser produzida, além de produzir maiores desperdícios e ter elevadas consequências ambientais em termos de erosão, pesticidas e resíduos. Assim, esforços simultâneos em todo o setor para reduzir a superalimentação dos bichos, diminuir o desperdício e encontrar fontes alternativas de proteína tendem a amortizar esses impactos.

O mercado vegano para pets

Considerando que os produtos de origem animal têm maior impacto ambiental que os produtos à base de vegetais, abriu-se então uma gigantesca oportunidade de mercado vegano para pets.

Primeiramente porque pessoas que evitam comer carne podem compartilhar suas casas com companheiros caninos ou felinos, e quando confrontados com a alimentação de origem animal a seus cães, genuinamente onívoros, e gatos originalmente carnívoro, podem surgir dilemas morais. 

Parece que uma opção para aliviar esse conflito é alimentar animais de estimação com uma alimentação desprovida de ingredientes animais – uma dieta “baseada em vegetais” ou “vegana“. Atualmente, não é conhecido o número de donos de pets que evitam produtos de origem animal, seja na própria dieta ou na dieta deles, mas aparenta ser uma constante crescente.

Consequentemente, a tendência a alimentos veganos e vegetarianos em humanos abriu as portas para as empresas de alimentos pets criarem opções de refeições sem carne para seus estimados clientes de quatro patas.

À medida que as dietas humanas continuam tendendo ao saudável e ambientalmente sustentável, a indústria de alimentos para animais de estimação começa a reconhecer que dietas à base de plantas para pets, especialmente caninos, não são apenas nutricionalmente aceitáveis, mas são melhores para o planeta e todos os animais. 

Como resultado, a startup de biotecnologia da Califórnia, Wild Earth, de olho no potencial do mercado vegano para pets, criou um alimento para cães isento de carne, projetado para reduzir o impacto ecológico da produção de alimentos para animais. O produto totalmente vegano e sustentável iniciou com o apoio de US $ 4 milhões de investidores e recentemente levantou US $ 16 milhões em financiamento.

A empresa, líder no ramo de comida vegana para animais de estimação, lançou em 2018 o primeiro alimento vegetal à base de fungos, feito com proteína cultivada à base de koji, e está na vanguarda de uma nova abordagem alimentar para os amigos peludos. 

E não se trata apenas de criar alimentos mais limpos e saudáveis ​​para animais de estimação, o Wild Earth realmente garante que os animais de estimação simplesmente tenham boa comida.

O segmento que parece blindado a crises e instabilidades, entrou nesse novo momento também no Brasil. A VegPet, maior empresa de produtos saudáveis e ecológicos do Brasil, oferece a linha Bicho Green, com produtos 100% vegetais que atendem tanto cães quanto gatos.

Cada vez mais empresas buscam por fontes limpas de alimentos para animais, em uma linha semelhante à história do crescimento de Memphis Meats. E com mais empresas criando esse tipo de solução, o mercado vegano para os bichinhos só pode crescer, possivelmente até cifras bilionárias.

Por Nadia Gonçalves em 2 de outubro
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