Um breve passeio pelos corredores dos supermercados nas grandes cidades brasileiras e já é possível observar que os alimentos à base de plantas estão ganhando cada vez mais espaço.

A crescente demanda por esses alimentos levou a uma expansão maciça da ofertas de rótulos isentos de crueldade animal, e como 2019 é o “ano do vegano”, a tendência promete continuar e gerar inúmeras oportunidades de negócios, já que aproximadamente 30 milhões de brasileiros pararam ou reduziram o consumo de alimentos com ingredientes de origem animal.

Marcas estabelecidas há muito tempo tendem a receber grande publicidade por reformular seus produtos para serem veganos e os produtos sem carne recém-lançados provam ser incrivelmente populares e vendem rapidamente. 

É uma ótima notícia e uma boa oportunidade para ofertar alimentos à base de plantas nos supermercados, considerando o atual foco na diminuição no consumo de produtos de origem animal, que constitui a “melhor maneira ” de responder a desafios ambientais, como a crise climática, a degradação do solo e a perda de biodiversidade.

Neste cenário, as empresas que aproveitarem essa oportunidade obterão benefícios que vão além dos lucros financeiros. O melhor de tudo é que, uma mudança da produção de alimentos de origem animal para vegetal, além de abrir inúmeras oportunidades de negócios, ajudaria a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Também auxiliaria na resolução de alguns dos principais problemas de saúde que a sociedade enfrenta, enquanto ainda atende aos requisitos nutricionais humanos.

Pensando em adentrar neste mercado?

Inicialmente, é importante lembrar que nem todas as inovações sem carne ou à base de plantas são totalmente livres de ingredientes de origem animal. Enquanto o alimento com rótulo “vegano” implica que os produtos são totalmente vegetais e livres de produtos de origem animal, os produtos “isentos de carne”, “vegetarianos” ou “à base de plantas” ainda podem conter leite, laticínios, corantes ou outros ingredientes de origem animal.

Paralelo ao surgimento de novas marcas de alimentos de origem vegetal, a concorrência é dividida com empresas já estabelecidas, que começaram a reformular seus produtos para oferecer uma gama maior de opções veganas e assim evitar a perda de clientes para as concorrentes.

Num país de dimensões gigantescas como o Brasil, a grande concentração da oferta de alimentos veganos ainda se restringe a supermercados das capitais e regiões metropolitanas, principalmente as grandes redes e hipermercados.

Portanto, há espaço para novos players, também nas metrópoles e grandes centros, mas principalmente, em médias e grandes cidades do interior do país, onde a escassez ou até mesmo a ausência de alimentos à base plantas nas prateleiras ainda impede o acesso de potenciais consumidores.

O mercado vegano e o impacto ambiental

Observando os números, a produção de laticínios e ovos pode não ser tão prejudicial quanto a produção de carne, mas ainda tem um impacto significativo no meio ambiente. E, mais importante, é construído sobre as mesmas práticas agrícolas insustentáveis ​​da produção de carne.

Na demanda por mais produtos de bem-estar, inovações recentes levaram a vários itens usando subprodutos de origem animal. Estes podem ser leite em pó ou gordura, mas também podem ser produtos ou subprodutos do abate – como gorduras animais, coalho ou colágeno. Algumas marcas, por exemplo, vendem produtos com rótulos ‘saudáveis’, que usam colágeno de carne bovina para aumentar o conteúdo de proteínas de seus conteúdos. O que foge totalmente às boas intenções veganas e ainda causam repulsa de consumidores, logo, o melhor caminho é pensar em atender o público vegano, e assim, atingir a todos.

Portanto, dado o grande impacto que a produção de alimentos de origem animal tem sobre o meio ambiente e a tendência dos produtos veganos, faz mais sentido que todas as novas gamas de produtos à base de plantas sejam veganos. Assim, é possível agradas a todos.

O entendimento por parte da indústria deve ser o de que, na era atual da agricultura industrial, carne e laticínios são dois lados da mesma moeda. Muitas empresas produtoras de alimentos ainda remontam ao contexto pós-Segunda Guerra Mundial, quando a agricultura industrial ainda estava em sua infância, mas o tempo passou e a indústria cresceu.

Desse modo, mesmo que os veganos atualmente representem apenas uma pequena parte da população brasileira, há um claro impulso do consumidor por produtos à base de plantas. A conscientização dos impactos ambientais e éticos de nosso sistema alimentar está crescendo e o “veganismo” fornece um contexto para ver o problema em sua totalidade. 

Os compradores também gostam de variar suas proteínas e explorar os leites vegetais. Os vegetarianos e flexitarianos se sentem confortáveis ​​com produtos veganos e produtos usuais, tais como salsichas e presuntos sem carne, batatas fritas ou biscoitos de chocolate funcionam muito bem sem leite e ovos como aditivos.

Assim, com a indústria de alimentos inovando continuamente nesse mercado, é interessante considerar a potencialidade do mercado de alimentos à base de plantas. Isso é importante porque uma abordagem “vegana” vai além dos aspectos ambientais para esclarecer a agricultura industrial e como ela não é apenas cruel, mas uma ameaça para toda a vida no planeta . 

Nesse sentido, a oportunidade de oferecer alimentos à base de plantas em supermercados está só começando. As inovações em produtos isentos de substâncias de origem animal são muito bem vindas, oferecem claramente excelentes oportunidades para grandes negócios e prometem conquistar cada vez mais espaço.

Por Nadia Gonçalves em 19 de setembro
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